1 Set 2016 3:19
É bem verdade que os dramas e melodramas familiares nunca desapareceram da paisagem cinematográfica, em particular de Hollywood. Mas é também verdade que há muito não se assiste à consagração de um desses filmes nos Oscars — a última vez aconteceu há mais de 30 anos, mais precisamente em 1983, e o filme chamava-se "Laços de Ternura".
Shirley MacLaine e Jack Nicholson eram dois dos protagonistas do filme e ambos foram “oscarizados”, numa consagração especialmente significativa para McLaine que já ia na sua sexta nomeação. "Laços de Ternura" ganhou ainda mais três estatuetas douradas, e todas para James L. Brooks — melhor argumento, melhor realização e melhor filme do ano (ainda para Brooks porque ele era também produtor).
É um filme, enfim, marcado por uma evidente nostalgia pela idade de ouro do melodrama de Hollywood. Para quem nunca o tenha visto, poderá ficar a ideia de que todas as referências (até no domínio musical: Ethel Merman, Judy Garland, etc.) correspondem a uma nostalgia encerrada na sua própria contemplação. Nada disso: através da sua subtileza narrativa, o filme de James L. Brooks é também um retrato incisivo das transformações das famílias, dos seus equilíbrios e desequilíbrios interiores — o melodrama, em boa verdade, gosta sempre de algum realismo.