7 Nov 2014 16:19
A passagem de "Pulp Fiction" (1994), de Quentin Tarantino, no Lisbon & Estoril Film Festival envolve um duplo significado: por um lado, o filme integra-se na homenagem a Maria de Medeiros promovida pelo certame; por outro lado, assinalam-se os vinte anos de um objecto que, de facto, abalou o mundo da cinefilia.
Vale a pena recordar que a dimensão de culto de "Pulp Fiction" começou no Festival de Cannes, em Maio de 1994, com a conquista da Palma de Ouro, atribuída por um júri presidido por Clint Eastwood (e foi um ano fortíssimo, com a secção competitiva a integrar, entre outros, "Querido Diário", de Nanni Moretti, "A Rainha Margot", de Patrice Chéreau, e "Vermelho", de Krzystzof Kieslowski).
Com um elenco inesquecível — que inclui ainda, por exemplo, John Travolta, Uma Thurman, Samuel L. Jackson, Tim Roth e Bruce Willis —, "Pulp Fiction" faz a síntese de toda uma tradição do thriller americano, ao mesmo tempo introduzindo-lhe componentes de ironia e distanciação que impunham o nome de Tarantino como um dos grandes modernistas de Hollywood. Afinal de contas, convém também não esquecer que, dois anos antes, ele tinha sido uma das revelações de Cannes, com "Cães Danados", sua primeira longa-metragem.