Mike Leigh durante a rodagem de

28 Nov 2018 21:52

É bem provável que muitos espectadores associem o nome de Mike Leigh sobretudo a “Mr. Turner”, uma produção de 2014 em que o cineasta inglês encena os anos finais do pintor J. M. W. Turner. Em boa verdade, quase se pode dizer que esse filme, revisitando o século XIX, representa uma excepção na trajectória de Mike Leigh — no essencial, ele tem sido um analista das convulsões do presente e, em particular, das personagens socialmente mais desfavorecidas.

Importa lembrar que ele é também autor de títulos como “Life Is Sweet”, uma comédia de 1990 sobre as vidas desencontradas de uma galeria de habitantes dos subúrbios de Londres. Em boa verdade, na visão de Mike Leigh, a comédia nunca é estranha ao drama, parece mesmo atrair os seus impulsos mais contrastados — um dos exemplos mais perfeitos da sua filmografia surgiu em 1996 e intitula-se “Segredos e Mentiras”.




Com “Segredos e Mentiras”, Mike Leigh conseguiu a Palma de Ouro de Cannes, com Brenda Blethyn, uma das suas actrizes fetiche, a arrebatar um prémio de interpretação. Curiosamente, três anos mais tarde, em 1999, Mike Leigh ensaiou outra incursão no passado, com “Topsy-Turvy”, uma evocação da lendária dupla Gilbert & Sullivan e, mais especificamente, do nascimento da ópera cómica “O Mikado”.

Em anos mais recentes, títulos como “Tudo ou Nada” (2002), “Vera Drake” (2004) e “Um Dia de Cada Vez” (2008) ilustram o misto de crueldade e ternura do humanismo de Mike Leigh. Tal démarche desembocaria, em 2010, num dos seus filmes mais depurados: “Um Ano Mais”, sobre a intimidade de um casal interpretado por Jim Broadbent e Ruth Sheen.


  • cinemaxeditor
  • 28 Nov 2018 21:52

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