31 Jul 2015 20:25
São muitas e muito variadas as adaptações de "Madame Bovary" ao cinema — afinal de contas, passaram-se exactamente 159 anos entre a publicação do romance de Gustave Flaubert e a nova versão assinada por Sophie Barthes, com Mia Wasikowska no papel central. Uma das adaptações mais antigas, e também mais sofisticadas, tem assinatura de Vincente Minnelli e surgiu em 1949.
Jennifer Jones é a actriz que interpreta Emma Bovary e o mínimo que se pode dizer é que se tratou de uma solução de casting que não pode ser separada da conjuntura da produção de Hollywood em finais da década de 40. De facto, Jennifer Jones tinha feito em 1946 esse western lendário que é "Duelo ao Sol", sob a direcção de King Vidor. Dito de outro modo: ela era um símbolo perfeito do drama, do melodrama e também de uma pose de revolta conjugada no feminino.
Com Louis Jourdan, James Mason e Van Heflin, entre outros, esta "Madame Bovary" pode muito bem ilustrar a idade de ouro de Hollywood, inclusive através do contributo de nomes como Robert Planck, na direcção fotográfica, ou Miklós Rózsa, na composição da música — a história dos amores e desamores da Bovary prolongava, afinal, as leis do melodrama tal como foi praticado por Hollywood ao longo das décadas de 40 e 50.
Para Vincente Minnelli, foi um filme de passagem, um ano depois de "O Pirata dos Meus Sonhos" e dois anos antes daquela que é, ainda hoje, a sua obra mais popular: "Um Americano em Paris". Nos Oscars, "Madame Bovary" teve apenas uma nomeação, na categoria de melhor cenografia, a preto e branco. E não foi, na altura, um título de grande impacto no circuito comercial. O certo é que, como muitas outras produções da época, tem sido revisto, reavaliado e devidamente valorizado.