20 Jun 2024
A história da banda brasileira “Mamonas Assassinas” é contada num filme onde são recriadas as músicas que os tornaram imortais.
Dinho, Bento Hinoto, Júlio Rasec, Samuel e Sérgio Reoli eram cinco jovens da cidade de Guarulhos, em São Paulo. Nos anos 90 formaram a banda que, em oito meses, conquista o Brasil. Um sucesso que continua para além da morte do quinteto, num acidente de avião.
Ruy Brissac, ator e cantor, tem o papel de Dinho, o vocalista:
“É incrível demais. Interpretar esse cara que foi tão carismático nos anos 90, que trouxe tanta alegria. Então é sempre muito divertido, muito gostoso.”
“Os ‘Mamonas’ tinham muita liberdade de ser quem realmente eles eram. Você via eles no programa de televisão, eles faziam o que queriam. Puxavam os câmaras, corriam, iam para a plateia. Essa liberdade que nos proporciona é fantástica.”
Acerca da possibilidade de interpretar a personagem, Ruy Brissac considera que é, ao mesmo tempo, “uma delícia” e “um grande desafio” por ser alguém real que “permanece tão vivo no coração das pessoas.”
Para descobrir quem era o cantor, Brissac apoiou-se em vídeos encontrados no You Tube e enviados por fãs, bem como em filmagens privadas que a família disponibilizou.
“Eu conhecia muito o Dinho como super-herói, como vocalista, ali na frente, o band leader. Como era ele por trás das câmaras, isso foi o contacto com a família, viver ali com eles, entender como ele era no dia a dia. Não mudava muito, porque o Dinho era daquele jeito, não mudava muito. Mas lógico que ele tinha as suas dores, as suas dúvidas e as suas questões. Ele era um cara muito família, era um cara muito sensível.”
No filme, o papel de Bento Hioto, o guitarrista dos “Mamonas Assassinas”, foi para o sobrinho, Bento Hinoto, que nasceu dois anos depois do acidente e teve a ajuda da família para compor a personagem do tio no cinema:
“Fui criado por parte de mãe e o parentesco com ele vem por parte de pai. Mas como não fui criado por eles, então ouvi poucas histórias. Ouvi mais mesmo por conta do filme, fui à procura. Foi interessante, bem importante para mim também na construção do personagem. Porque muitas histórias eu não sabia.”
A origem japonesa da família teve influência na forma como Bento Hinoto construiu a personagem do tio:
“Venho de uma família oriental, então a nossa tradição é de respeitar. Então, nunca fui tão invasivo em perguntar sobre isso. Até porque eu nunca sei a dor de quem perdeu uma pessoa. Então eu sempre respeitei muito, mas a compreensão dos familiares para poder ajudar nessa pesquisa foi muito importante.”
Os “Mamonas” preparavam uma carreira internacional que ia começar por Portugal, onde já tinham concertos marcados. O fatídico acidente aéreo que os vitimou aconteceu a 2 de março de 1996, no regresso de um concerto em Brasília, na véspera da viagem programada.
Para o sobrinho de Bento Inoto, estar em Lisboa a apresentar o filme e dar um concerto no Festival Rock in Rio é cumprir o desejo da banda de atuar no estrangeiro:
“É uma responsabilidade muito grande. A gente pode ter a honra de fazer o que o Mamonas não pôde fazer na época que eles viriam para Portugal fazer a turnê. Estar aqui é uma grande realização, um grande sonho. E a gente está levando isso com a maior responsabilidade possível para poder entregar o melhor nesse concerto.”
O filme cria o trajeto de fama do grupo desde o tempo em que eram os “Utopia”, conta o produtor Jorge Santana:
“A gente pega numa década mais ou menos de 90 até 95.”
“Eles lutavam para ser reconhecidos como artistas e eu acho que isso era o mais importante para eles.”
Para 2025, está previsto o lançamento de duas músicas inéditas dos “Mamonas”:
“No ano de 2025 a gente pretende lançar duas músicas inéditas deles e a gente pretende costurar isso com muito cuidado para que não seja ofensivo a ninguém e preservando sempre a alegria e a reverência deles.”
Interpretados no filme, saltam do ecrã do cinema para o palco com os concertos “Mamonas Assassinas – O Legado”. Em Portugal é no Festival Rock in Rio o tributo à memória da banda de rock desaparecida em 1996.