Mel Gibson e o homem que deu corpo às balas
O sétimo filme realizado pelo ator/realizador retoma uma batalha da Ii Guerra Mundial para contar a história de um herói. Foi exibido em estreia mundial fora da competição no Festival de Veneza.
Mel Gibson não gosta da guerra mas entende que há que honrar os guerreiros. Esta declaração de intenções aplica-se a diversos filmes do realizador como "Braveheart – O Desafio do Guerreiro" e "Apocalyto".
Mas sobretudo valoriza o que ele pretende mostrar em "Hacksaw Ridge", filme de guerra sobre um herói, Desmond Doss, um enfermeiro que avançou para o inferno na terra e salvou 75 homens na batalha travada pelo exército norte-americano durante a II guerra mundial, em Hokinawa, a ilha japonesa do Pacífico.
A proeza de Doss, herói de guerra que morreu em 2006, valeu-lhe a primeira condecoração atribuída pelo congresso dos Estados Unidos a um objetor de consciência.
O filme é oportuno porque reflete sobre a nobreza de defender convicções sem armas e levanta a questão da violência armada numa época em que está aberto o debate sobre a posse de arma nos Estados Unidos.
No entanto, esses não são os temas que interessam a Mel Gibson. Ele quer celebrar a valentia deste homem – um super herói interpretado com sentimento por Andrew Garfield, que conhecemos pelas proezas heróicas do Homem-Aranha … – e sobretudo sublimar o ato de fé que o moveu no campo de batalha.
É um filme de fé, tal como "A Paixão de Cristo". O que nos permite concluir que Mel Gibson aborda sempre os mesmo temas e num contexto de violência como sucede em "Hacksaw Bridge", onde encena de forma gráfica muito explicítica a terrível batalha travada por norte americanos e japoneses, lembrando o que vimos em "O Resgate do Soldado Ryan"… mas sem o mesmo brilhantismo.
Mel Gibson faz sempre bem e interrompe uma década sem realizar com um filme de guerra convencional mas que causa impacto e não gera indiferença.