29 Mai 2015 19:07
O mais recente filme do realizador português Miguel Gomes, "As Mil e Uma Noites", tem a sua antestreia nacional marcada para o festival Curtas de Vila do Conde, a 4 de julho, anunciou hoje o festival.
O filme, de seis horas e repartido em três volumes, teve a sua estreia mundial na Quinzena dos Realizadores do festival de Cannes, onde foi acolhido de forma muito positiva pela crítica, apesar de estar fora da competição.
"O filme é um fresco sobre o Portugal contemporâneo e as contradições provocadas pela crise económica, através de uma estrutura épica que adapta a clássica história de Xerazade em três volumes independentes: ‘O Inquieto’, ‘O Desolado’ e ‘O Encantado’, num total de seis horas de filme", indicou o comunicado do Curtas.
O Curtas recorda que Miguel Gomes "é um dos nomes centrais na história do Curtas de Vila do Conde", tendo a sua primeira curta-metragem – "Entretanto" – sido apresentada em 1999 e distinguida com os prémios de melhor realizador e melhor fotografia.
"Mais tarde, em 2002, Miguel Gomes recebeu uma menção honrosa em Vila do Conde com a curta ’31’, tendo vencido, em 2006, a competição nacional com ‘Cântico das Criaturas’. Pelo Curtas Vila do Conde passaram ainda os filmes o ‘O Inventário de Natal’, ‘Kalkitos’ (resultado de uma encomenda do festival ao realizador), ‘Aquele Querido Mês de Agosto’ e, em 2014, ‘Pre-Evolution Soccer’s One Minute Dance After a Golden Goal in The Master League’", acrescentou o festival.
O filme teve referência de primeira página no jornal francês Libération, que o descreveu como um "épico", "um organismo narrativo mutante", que tem por base a realidade portuguesa perante um governo que impôs políticas de austeridade, entre 2013 e 2014.
"O filme é um épico de Estado-da-nação deslumbrante e com texturas, que surpreende constantemente, move-se e, algo surpreendentemente para um filme que parece ter um potencial tão intimidante, entretém ao longo da sua duração digna de uma minissérie", escreveram os críticos da página norte-americana The Playlist.
O filme, que se reparte em três volumes – decisão tomada pelo realizador durante a montagem – parte de reportagens feitas pelos jornalistas Maria José Oliveira, Rita Ferreira e João de Almeida Dias, sobre portugueses que sofreram com as medidas impostas pela "troika".
Rodado em película, o filme é uma coprodução entre Portugal, França e Alemanha, e tem um orçamento de 2,7 milhões de euros. Deverá estrear-se nos cinemas portugueses em outubro.