10 Mar 2015 18:48
Morreu no domingo, 8 de março, no Rio de Janeiro, a cineasta e atriz Bárbara Virgínia, primeira realizadora do cinema português e, ao mesmo tempo, a primeira mulher a apresentar um filme no Festival de Cannes, em 1946. Tinha 92 anos.
Nascida em Lisboa, a 15 de novembro de 1923, de seu nome verdadeiro Maria de Lurdes Dias Costa, cresceu numa família da burguesia e frequentou o Conservatório Nacional. Estudou dança, canto, teatro e piano e aos 15 anos já fazia parte das vozes promissoras da Emissora Nacional.
Como declamadora e cantora lírica passou a usar o pseudónimo Bárbara Virgínia. Foi bailarina clássica no Teatro Nacional, colaboradora da revista "Modas e Bordados", atriz de teatro e acabou por se estrear no cinema no filme "Sonho de Amor", de Carlos Porfírio, em 1945.
Com apenas 22 anos, Bárbara Virgínia entra para a história como realizadora, a primeira mulher portuguesa a assumir essa função que acumula com a de protagonista. "Três Dias Sem Deus" conta a experiência de uma professora primária numa remota aldeia do interior enquanto enfrenta a desconfiança e as superstições dos habitantes locais. A estreia comercial acontece em agosto de 1946. Em outubro, o filme é escolhido para representar Portugal na primeira edição do Festival de Cannes, em conjunto com "Camões", o épico nacionalista de Leitão de Barros.
Continua a carreira como atriz de cinema em "Aqui Portugal", de Armando de Miranda, em 1947, e prossegue como locutora de rádio e declamadora.
No fim de um recital em Lisboa, um empresário brasileiro convence-a a dar o salto para o outro lado do Atlântico. No Brasil, assina contrato com a TV Tupi, a emissoras pioneira do pequeno ecrã naquele país. É lá que continua a trabalhar e que estabelece residência. Portugal perde-lhe o rasto.