30 Jan 2021 0:22
As suas personagens femininas distinguiram-se por uma especial energia e força interior: a actriz americana Cicely Tyson faleceu no dia 28 de janeiro — contava 96 anos.
Na história da evolução das personagens afro-americanas (masculinas ou femininas), Tyson ocupa um lugar emblemático através da sua composição em "Sounder / Esperança" (1972), de Martin Ritt, fretrato de uma família negra no sul dos EUA durante a Depressão — foi nomeado para quatro Óscares, incluindo melhor filme e melhor actriz, para Tyson. Viria a receber um Óscar honorário em 2019.
Nos anos 50, foi descoberta por um fotógrafo da revista "Ebony", tendo tido uma carreira de sucesso como modelo. Enquanto actriz, foi na televisão que começou a destacar-se: a sua permanência nos pequenos ecrãs ao longo de várias décadas acabaria por valer-lhe quatro Emmys.
Entre os títulos mais marcantes da primeira fase da sua trajectória cinematográfica incluem-se "Um Coração Solitário" (1968), adaptação de Carson McCullers por Robert Ellis Miller, "O Pássaro Azul" (1976), aventura de fantasia e um dos filmes finais de George Cukor, e "Aeroporto 80" (1979), um "filme-catástrofe" dirigido por David Lowell Rich.
A partir dos anos 80, é o trabalho televisivo que passa a ser dominante na sua actividade. Mais recentemente, terá sido (re)descoberta pelas gerações mais novas através da sua participação, ainda que numa personagem secundária, em "The Help / As Serviçais" (2011), de Tate Taylor, sobre as empregadas domésticas negras que, na década de 1960, serviram em famílias brancas — o filme valeu um Óscar a Octavia Spencer, na categoria de actriz secundária.
A sua imagem tem uma presença forte na iconografia do jazz. Assim, nos anos 60, quando se iniciou a sua relação com Miles Davis (com quem seria casada entre 1981 e 1989), este escolheu uma foto de Tyson para a capa do álbum "Sorcerer" (1967).