3 Fev 2021 0:00
Figura de excelência do teatro, cinema e televisão dos EUA, o actor Hal Holbrook faleceu em sua casa, em Beverly Hills, Califórnia, no dia 23 de janeiro; a sua morte só foi divulgada a 2 de fevereiro — contava 95 anos.
O seu papel mais intenso estará, porventura, no filme em que, literalmente, quase não se via, surgindo sempre enredado nas sombras de uma garagem. Aconteceu em "Os Homens do Presidente" (1976), o filme de Alan J. Pakula sobre a investigação do Caso Watergate pelos jornalistas Bob Woodward e Carl Bernstein (no filme, respectivamente, Robert Redford e Dustin Hoffman); Halbrook assumia a personagem do lendário "Garganta Funda", que forneceu aos jornalistas informações decisivas para a exposição do escândalo que conduziria ao fim da presidência de Richard Nixon.
Em meados dos anos 50, a peça "Mark Twain Tonight!", por ele concebida com o objectivo de divulgar o património escrito de Twain, conferiu-lhe a dimensão de uma figura nacional — em 1966, a sua interpretação valer-lhe-ia um prémio Tony.
Por essa altura, era já uma presença regular, quer em cinema, quer em televisão, quase sempre em papéis secundários que sabia valorizar com um estilo sempre depurado e subtil. "O Grupo do Colégio" (1966), de Sidney Lumet, "Harry – Detective em Acção" (1973), de Ted Post, e "A Batalha de Midway" (1976), de Jack Smigth, são alguns dos primeiros títulos em que participou. Em qualquer caso, foi a televisão que lhe trouxe maior notoriedade, interpretando Abraham Lincoln na série "Lincoln" (1974-76), trabalho que lhe valeu um Emmy.
Vimo-lo também, por exemplo, em "Julia" (1977), de Fred Zinnemann, "O Nevoeiro" (1980), de John Carpenter, "A Câmara Secreta" (1983), de Peter Hyams, "Wall Street" (1987), de Oliver Stone, "A Firma" (1993), de Sydney Pollack, ou "The Majestic" (2001), de Frank Darabont.
Na história dos Óscares o seu talento só seria assinalado tardiamente, com uma nomeação para melhor actor secundário em "O Lado Selvagem" (2007), a realização de Sean Penn em que contracenava com Emile Hirsch .
Entre os seus mais importantes títulos finais incluem-se duas produções de 2012: "Lincoln", desta vez interpretando Francis Preston Blair, um dos fundadores do Partido Republicano, e "Terra Prometida", respectivamente de Steven Spielberg e Gus Van Sant.
A sua carreira desenvolveu-se ao longo de seis décadas. Foi apenas em 2017 que deu por concluídas as suas representações de "Mark Twain Tonight!".