8 Set 2020 1:04
Personalidade central no movimento da Nova Vaga checa, Jiri Menzel faleceu no dia 5 de Setembro, em Praga, sua cidade natal — contava 82 anos.
Formado na Academia de Artes de Praga, Menzel teve uma carreira lançada por uma proeza muito especial: em representação da Checoslováquia, a sua primeira longa-metragem de ficção, "Comboios Rigorosamente Vigiados" (1966) — centrada na personagem de um jovem que trabalha numa estação ferroviária na Checoslováquia ocupado pelos nazis —, conseguiu arrebatar o Oscar de melhor filme estrangeiro (actualmente, filme internacional) atribuído em 1968.
Através de uma requintada invenção formal e também de um apurado sentido crítico face ao regime comunista, Menzel integrou um grupo de cineastas profundamente inovadores, alguns dos quais viriam a prolongar o seu trabalho noutros países, nomeadamente nos EUA. Entre os seus companheiros artísticos estavam, por exemplo, Milos Forman (1932-2018), Vera Chytilova (1929-2014) e Ivan Passer (1933-2020).
Menzel voltaria a estar na corrida para o Oscar de melhor filme estrangeiro graças à nomeação do seu "My Sweet Little Village" (1985), retrato sarcástico das rivalidades no interior de uma pequena aldeia.
Na fase final da sua obra, dirigiu algumas coproduções europeias, nomeadamente "Eu Servi o Rei de Inglaterra" (2006). De qualquer modo, para lá de "Comboios Rigorosamente Vigiados", o seu filme mais importante é "Larks on a String", produção de 1969 proibida pelas autoridades comunistas.
Evocando as purgas comunistas da década de 50, visando a "reeducação" dos cidadãos rotulados de "burgueses", o filme foi mantido oculto e só seria revelado depois da queda do regime. A sua estreia aconteceu no Festival de Berlim de 1990, certame em que acabou por arrebatar o Urso de Ouro, "ex-aequo" com "Music Box", de Costa-Gavras.