2 Set 2021 15:33
A sua banda sonora para o filme "Zorba, o Grego" (1964), de Michael Cacoyannis, trouxe-lhe fama e prestígio internacional: o compositor grego Mikis Theodorakis faleceu no dia 2 de setembro, em Atenas, na sequência de problemas cardíacos que o afectavam desde 2019 — contava 96 anos.
O percurso artístico de Theodorakis é indissociável da sua militância política, em particular durante o período da "Ditadura dos Coronéis" (1967-74) — a junta militar que governou a Grécia nesse período chegou a prendê-lo, proibindo as suas composições; graças a um movimento de solidariedade desencadeado por personalidades como Leonard Bernstein e Arthur Miller, e também através da acção diplomática do governo francês, acabou por ser libertado do campo de concentração de Oropos, exilando-se, com a família, em Paris.
A sua obra musical é imensa, envolvendo os mais diversos registos, entre sinfonias, música de câmara, cantatas, bailados e óperas. Seja como for, foi o cinema que lhe conferiu a dimensão de um verdadeiro ícone internacional, sobretudo depois do impacto de "Zorba, o Grego" — nele se faz o retrato da relação de amizade entre um inglês em viagem de negócios a Creta e o exuberante Zorba, interpretados, respectivamente, por Alan Bates e Anthony Quinn.
Para lá das dezenas de bandas sonoras compostas para títulos gregos, quer em cinema, quer em televisão, Theodorakis teve também uma importante ligação com as cinematografias de outros países, nomeadamente a França e os EUA. Entre os filmes mais significativos com música de sua autoria incluem-se:
— PERIGO NA SOMBRA (1957): produção britânica, evocação da guerra na ilha de Creta, derradeira realização partilhada por Michael Powell e Emeric Pressburger.
— FEDRA (1962): adaptação de Eurípides, em cenários contemporâneos, com Melina Mercouri e Anthony Perkins, sob a direcção de Jules Dassin.
— Z – A ORGIA DO PODER (1969): um dos filmes de maior repercussão internacional denunciando a violência da "Ditadura dos Coronéis"; com Yves Montand, realização de Costa-Gavras.
— ESTADO DE SÍTIO (1972): nova colaboração com Costa-Gavras, também com Yves Montand como protagonista, este é um drama sobre o governo do Uruguai face à guerrilha dos Tupamaros.
— SERPICO (1973): retrato da corrupção na polícia de Nova Iorque, a partir de uma personagem verídica, Frank Serpico, interpretada por Al Pacino — ficou como um dos mais notáveis policiais da década de 70.