24 Jan 2021 1:54
Foi um dos argumentistas de Hollywood colocado da lista negra da Comissão para as Actividades Anti-Americanas, durante as perseguições "maccartistas": Walter Bernstein faleceu no dia 22 de janeiro, em Nova Iorque — contava 101 anos.
A "caça às bruxas" conduzida pelo senador Joseph McCarthy na década de 1950 impediu muitos profissionais do cinema americano, suspeitos de simpatias "vermelhas" (estava-se no auge da Guerra Fria), de exercerem a sua actividade. Bernstein foi um dos visados, embora, como outros, tenha continuado a escrever argumentos usando diversos pseudónimos.
A sua experiência esteve na base do argumento que, em 1976, escreveu para "The Front/O Testa de Ferro", de Martin Ritt, com Woody Allen a interpretar o papel de alguém que, precisamente, empresta o seu nome a trabalhos cinematográficos feitos por outros — o filme valeu a Bernstein uma nomeação para o Oscar de melhor argumento original.
Entre os filmes em cujos argumentos participou (não creditado), incluem-se a comédia romântica "Agarrem essa Loira" (1960), de George Cukor, o western "Os Sete Magníficos" (1960), de John Sturges, e o filme de guerra "O Comboio" (1964), de John Frankenheimer.
Mais tarde, o seu nome surgiria, por exemplo, em "Os Homens Nascem Iguais" (1970), um drama histórico de Martin Ritt, "Yanks" (1979), um melodrama de guerra de John Schlesinger, e "A Casa Suspeita" (1987), um thriller de Peter Yates. Em 1980, tentou também a realização, a partir de um argumento de sua autoria, com "Jogar para Ganhar", uma comédia com Julie Andrews e Walter Matthau.
Em 1996, publicou o livro auto-biográfico "Inside Out: A Memoir of the Blacklist". Até ao final da sua existência, manteve-se como consultor na área de argumento da Tisch School of the Arts, da Universidade de Nova Iorque.