25 Jul 2019 22:18

O tema da sobrevivência é recorrente na história dos filmes. “Ártico” (2018), com Mads Mikkelsen, poderá ser um exemplo recente. E seria possível citar títulos como “The Revenant” (2015), de Alejandro González Inárritu, com Leonardo DiCaprio, ou recuar até 1995 e lembrar a odisseia da “Apollo 13” filmada por Ron Howard, com Tom Hanks no papel principal. Menos lembrado, há um outro título com Tom Hanks que merece ser revisitado: chama-se no original “Cast Away”, entre nós “O Náufrago” — foi no ano 2000.

É uma história de extrema solidão do protagonista: Tom Hanks interpreta um profissional dos circuitos internacionais dos correios dos EUA (Fed Ex) cujo avião se despenha numa ilha deserta. Aí fica alguns anos, sobrevivendo como quem reinventa a história da civilização — há mesmo um momento eufórico em que consegue, finalmente, fazer fogo e acender uma fogueira.

“Eu fiz fogo”, diz Tom Hanks, entoando algumas notas do clássico dos Doors, “Light My Fire” — o desejo de sobrevivência alia-se à inteligência das acções. Robert Zemeckis, o realizador, gosta de filmar estas histórias em que tudo pode ser posto à prova, desde as medidas do espaço e do tempo até à identidade das personagens — convém não esquecer que Zemeckis é autor da trilogia com Michael J. Fox, “Regresso ao Futuro” (1985/1989/1990).

Quase 20 anos depois do seu lançamento, “O Náufrago” continua a surpreender pela capacidade de colocar em cena os contrastes da evolução humana. A personagem de Tom Hanks é, de uma só vez, um profissional das novas tecnologias e, face às circunstâncias excepcionais que enfrenta, alguém que reencontra a pose e a sabedoria de um homem pré-histórico. Na sua solidão radical, curiosamente, não esquece a quadra natalícia. Para sublinhar o insólito da situação, Zemeckis coloca na banda sonora uma canção de Natal, atípica, sem dúvida, mas muito calorosa — "Run Rudolph Run”, pelo sr. Chuck Berry.


  • cinemaxeditor
  • 25 Jul 2019 22:18

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