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O realismo segundo Ken Loach
O cinema de Ken Loach permanece fiel aos seus valores essenciais, ligados à grande tradição britânica do realismo: "I, Daniel Blake" traça o retrato de um carpinteiro a contas com a cegueira burocrática de um centro de emprego...
13 Mai 2016 0:23
Depois do realismo romeno ("Sieranevada"), chegou o realismo britânico. Ou melhor: o realismo de Ken Loach. A precisão não é secundária, já que, embora movendo-se no interior de uma tendência profundamente enraizada na tradição britânica, Loach definiu uma linguagem muito própria, sobretudo para abordar as convulsões das classes com escassos privilégios sociais e financeiros.
É isso que volta a acontecer em "I, Daniel Blake", filme algo surpreendente, tendo em conta que aquele que Loach trouxe à competição de Cannes/2014 ("Jimmy’s Hall") chegou a ser anunciado como o encerramento da sua carreira.
Encontramos, aqui, o Loach mais primitivo e, a meu ver, mais genuíno. Com a fiel colaboração do argumentista Paul Laverty, ele aprofunda um caso individual que acaba por ter ressonâncias políticas e simbólicas muito amplas.
Daniel Blake, interpretado pele excelente Dave Johns (actor que os britânicos conhecem mais através da "stand up comedy"), é alguém que, sofrendo de problemas do foro cardíaco, tenta resolver a sua condição laboral, procurando o auxílio do centro de emprego; aí conhece Rachel (Hayley Squires), mãe solteira com dois filhos, que vai adquirir um especial papel na história pessoal de Blake… Além do mais, a cegueira burocrática vai condicionar o trajecto de Blake e Rachel.
Com uma mise en scène que evita grandes sublinhados dramáticos, "I, Daniel Blake" vai-se impondo como uma crónica social que, de facto, possui como valor primordial o carácter irredutível de cada uma das personagens. Além do mais, mesmo sem querer revelar o desenlace, vale a pena referir que Loach volta a aplicar o seu gosto melodramático…
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