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Os actores, os actores, os actores e… Lady Gaga!
Para a história, o leque de vencedores dos quatro Oscars de interpretação ficará como um gesto simbólico de revalorização do trabalho específico dos actores — e ao lado de tudo isso a evocação de "Música no Coração", por Lady Gaga, ficou muitíssimo bem.
23 Fev 2015 17:42
Para além do juízo de valor que cada um possa fazer sobre as composições de Eddie Redmayne e Julianne Moore, respectivamente em "A Teoria de Tudo" e "O Meu Nome É Alice", creio que todos reconhecerão que o nosso envolvimento afectivo com esses filmes passa, no essencial, pelas suas interpretações.
Num mundo tão dado à mediocridade de tantas chicanas "sociais" (que, como é óbvio, também atingem a dignidade dos prémios da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood), talvez seja útil sublinhar o mais simples — e também o mais positivo: estes foram Oscars de celebração dos actores.
E não deixa de ser interessante destacar a peculiar conjuntura: com as vitórias de Redmayne (actor), Moore (actriz), J. K. Simmons ("Whiplash", actor secundário) e Patricia Arquette ("Boyhood", actriz secundária), a Academia acabou por distinguir um lote de de intérpretes que, afinal, não pertencem a nenhum dos títulos mais premiados na noite do Dolby Theatre ("Birdman", com quatro Oscars, incluindo melhor filme; "Grand Budapest Hotel", também com quatro estatuetas douradas).
Em tempos de tantas formas de pueril divinização da "tecnologia" e da sua glória "digital", foi bom deparar com essa consagração tão autónoma dos brilhantes mosqueteiros de uma das mais ancestrais causas do cinematógrafo. A saber: a difícil, delicada e muito humana arte de inventar uma personagem frente a uma câmara.
Ao mesmo tempo, a abrangência dos filmes premiados — todos os oito nomeados para melhor filme receberam, pelo menos, um Oscar — deixou uma imagem de pluralidade criativa que constitui, escusado será sublinhar, um valor crucial. E também uma energia insubstituível.
Enfim, se tudo se pode dizer por música, importa não esquecer a muito especial celebração dos cinquenta anos de "Música no Coração" (1965): a performance de Lady Gaga, num medley de canções do filme de Robert Wise, constituiu um daqueles momentos exemplares em que todas as medidas do tempo se reconvertem e, de algum modo, reinventam, no artifício contagiante do entertainment — foi isso, em boa verdade, que Julie Andrews, genuinamente comovida, agradeceu a Lady Gaga.
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