Paul Mescal não vê paralelo entre entre “A História do Som” e “Brokeback Mountain”
Em Cannes, o realizador Oliver Hermanus também rejeita comparações e defende o seu filme como uma celebração do amor queer, e não da repressão.
O ator irlandês Paul Mescal, em competição em Cannes por “A História do Som”, não vê “nenhum paralelo” entre este romance gay e “O Segredo de Brokeback Mountain” (2005), uma história de amor entre dois cowboys nos anos 60 que deixou uma impressão duradoura nos fãs de cinema.
“Não vejo nenhum paralelo entre os dois filmes, para além das cenas (de sexo) numa tenda”, brincou na conferência de imprensa no festival, acrescentando que lhe tinham feito a mesma pergunta regularmente desde a projeção do filme no dia anterior.
“Brokeback Mountain” de Ang Lee “é um filme magnífico sobre a repressão e o nosso filme vai na direção oposta”, disse o ator de 29 anos.
“É uma celebração dessa relação, não a repressão da sexualidade” do seu personagem, que tem um romance com outro homem, interpretado pelo britânico Josh O’Connor, com quem embarca numa viagem para gravar canções folclóricas nos Estados Unidos após a Primeira Guerra Mundial.
O paralelo entre os dois filmes “não estava de todo na nossa mente”, concordou o realizador sul-africano Oliver Hermanus. “A ideia não era lidar com as complicações da sua sexualidade, mas sim lidar com o que separa as duas personagens” nas respetivas vidas amorosas. “É um filme sobre o amor num contexto diferente”, disse.
Para o sul-africano de 41 anos, o facto de “A História do Som” estar a ser comparado a uma longa-metragem lançada vinte anos antes “mostra acima de tudo que devia haver mais filmes sobre relações queer”.
Questionado sobre a representação da masculinidade no filme, Paul Mescal acrescentou que, para ele, o cinema em geral “está a afastar-se da tradicional personagem principal masculina alfa”.
Visto como um jovem, ou um pai deprimido na série “Normal People” (2020), no filme “Aftersun” (2022) e noutro romance queer (“Without ever knowing each other”, 2023), a estrela de “Gladiador 2” também nota que esta tendência é visível nos seus papéis.
Mas “não é uma escolha”, é antes um “instinto” que “continuará a seguir” até se sentir atraído por outra coisa, diz.
