30 Set 2014 0:41
É um facto que as imagens a preto e branco não desapareceram da paisagem cinematográfica. O certo é que se tornaram ultra-minoritárias, a ponto de a presença de um filme como "Nebraska", de Alexander Payne, nos Oscars deste ano parecer um sinal de uma nostalgia impotente…
Pois bem, tempos houve em que a fotografia a preto e branco era não apenas uma forma regular de expressão (antes de a televisão impor o seu novo-riquismo "colorido"), mas uma categoria específica dos prémios da Academia de Hollywood — a par da respectiva cenografia e guarda-roupa. Assim foi até ao ano de 1967, quando Haskell Wexler arrebatou o Oscar de melhor fotografia a preto e branco pelo seu admirável trabalho em "Quem Tem Medo de Virginia Woolf?", dirigido por Mike Nichols.
Foi a estreia de Nichols na realização, na altura com 35 anos e já um consagrado encenador da Broadway. Ao filmar a peça de Edward Albee, o seu olhar mergulha, ponto por ponto, no universo em decomposição de um casal interpretado por um par mítico: Elizabeth Taylor e Richard Burton.
Para a história, "Quem Tem Medo de Virginia Woolf?" conseguiu a proeza paradoxal de ganhar um número significativo de Oscars (cinco), sem ser eleito melhor filme do ano (a distinção máxima foi para "Um Homem para a Eternidade", de Fred Zinnemann). Para além de Wexler, os premiados foram: Elizabeth Taylor (actriz); Sandy Dennis (actriz secundária); Richard Sylbert e George James Hopkins (cenografia a preto e branco); Irene Sharaff (guarda-roupa).