31 Out 2023
Poucos associam o cinema francês com filmes passados em ambientes pós-apocalípticos, ou sociedades distópicas, mas é precisamente nestes géneros que se distinguem Thomas Cailley e Just Philippot, autores de duas obras prestes a chegar às salas portuguesas.
“Reino Animal”, de Thomas Cailley, segunda longa-metragem do realizador, abriu o festival de cinema de terror MOTELX, que decorreu em setembro. Em maio inaugurara a secção Um Certo Olhar, em Cannes. Sucede a “Os Combatentes”, de 2014, filme que revelou a atriz Adèle Haenel, igualmente lançado durante o festival francês, mas na secção paralela da Quinzena dos Cineastas.
A narrativa segue três personagens através de uma França assombrada por um vírus implacável que transforma humanos em animais. Entre o fantástico, o horror e a fábula de inspiração ecológica, com um argumento que começou a ser escrito durante a pandemia de COVID-19, “Reino Animal” é também uma história de relações familiares, centrada num homem convencido de que pode salvar a mulher que contraiu o mal misterioso, no seu filho, um adolescente pessimista e desajeitado, e numa ambiciosa mulher polícia limitada a preparar comida para os homens do exército.
Estreou nas salas francesas a 4 outubro com assinalável sucesso e está muito perto de chegar aos 800 mil espectadores.
Na mesma linha, em setembro, a Pathé lançara “Ácido”, de Just Philippot, uma história de sobrevivência que leva ao limite as estrelas Guillaume Canet e Laetitia Dosch, o casal acompanhado pela filha que tenta escapar a uma chuva ácida mortal e incontrolável que corrói edifícios e corpos.
Para o realizador que se notabilizou com “La Nuée”, um drama rural com um toque de fantasia sobre uma quinta cheia de gafanhotos carnívoros, “dar vida a um clima de terror e de emoções fortes é fantástico”, porque facilita a transmissão de mensagens, como as que dizem respeito ao ambiente, disse à AFP no Festival de Cannes, onde o filme também foi exibido fora de competição.
“É um tipo de cinema que não estamos habituados a ver em França”, confirma Guillaume Canet. “Transmite mensagens importantes sobre as nuvens no horizonte, sem dar lições”.
Mais discreto nas bilheteiras, “Ácido” aproximou-se, mesmo assim, dos 300 mil espectadores.
“Reino Animal” estreia nos cinemas portugueses a 1 de novembro. “Ácido” está previsto para 23 de novembro.