13 Ago 2015 22:21
No seu novo filme, "Taxi", o iraniano Jafar Panahi coloca-se em cena como motorista de um taxi, desse modo reflectindo sobre a sua própria existência como cidadão e cineasta. Afinal de contas, ele ocupa um lugar mitificado pelo cinema, em particular em "Taxi Driver", filme que ficou, para sempre, como um emblema de Robert De Niro e Martin Scorsese.
Travis Bickle, o taxista de Nova Iorque interpretado pelo genial De Niro, é alguém que reage às forças malignas com uma ânsia de pureza e purificação que, afinal de contas, o vai lançar nos caminhos da tragédia. Quase quarenta anos depois, a resistência de "Taxi Driver" a todas as tendências ou modas decorre, afinal, de algo muito básico: através do argumento de Paul Schrader, Scorsese criou um objecto que é, de uma só vez, uma implacável crónica realista sobre a violência urbana e também um exercício de paradoxal e perturbante energia poética.
Lembram-se de "Rocky", com Sylvester Stallone? Pois bem, no ano de "Taxi Driver", foi "Rocky" que ganhou o Oscar de melhor filme do ano. Nada contra Stallone… Mas alguma objectividade manda que se recorde que "Taxi Driver" teve quatro nomeações, incluindo uma para melhor filme, e… ficou a zero. Uma dessas nomeações era para um grande senhor de Hollywood: Bernard Herrmann, autor da música original do filme, que veio a falecer ainda antes da estreia, sendo "Taxi Driver" é dedicado à sua memória — eis a respectiva banda sonora.