7 Dez 2017 17:56
Ao adaptar agora, em 2017, “Um Crime no Expresso do Oriente”, Kenneth Branagh tinha como pesada herança, não apenas a tradição de adaptações dos mistérios de Agatha Christie, mas sobretudo, como é óbvio, a primeira versão do mesmo romance — foi há 43 anos, portanto em 1974, que surgiu o primeiro “Crime no Expresso no Oriente”.
Curiosamente, um dos sinais mais sofisticados do "suspense" e da ironia da acção era a música assinada por Richard Rodney Bennett. Em qualquer caso, o que vai abalar a aventura do lendário comboio, em meados da década de 1930, é o consumar de um assassinato — como dizia o trailer da época, para o decifrar será preciso o não menos lendário Hercule Poirot.
A escolha de Albert Finney para interpretar Poirot estava longe de ser uma coisa óbvia, quanto mais não fosse porque, na altura, com 38 anos, Finney podia parecer demasiado jovem para a personagem. O certo é que a sua transfiguração é notável, tendo a companhia de uma galeria de gente talentosa em que surgem, por exemplo, Lauren Bacall, Sean Connery, Jacqueline Bisset, Ingrid Bergman e Anthony Perkins.
“Um Crime no Expresso do Oriente” acabou por lançar uma nova vaga de filmes inspirados em Agatha Christie. De facto, na altura, predominavam as adaptações televisivas dos seus romances, mas depois do impacto deste filme nasceu uma moda, efémera, é certo, mas que deu origem a títulos igualmente populares como “Morte no Nilo” ou “Morte ao Sol”. Para a história, o filme valeu a Ingrid Bergman o Oscar de melhor actriz secundária, o terceiro e último da sua admirável carreira.