Realizador Pedro Pinho rejeita convite de festival israelita
O cineasta de "O Riso e a Faca" recusa participar no Festival de Cinema de Jerusalém e afirma que a colaboração com eventos promovidos pelo Estado israelita representa cumplicidade com quem "dedica uma parte substancial dos seus recursos a matar indiscriminadamente seres humanos".
O realizador Pedro Pinho rejeitou um convite para estar no Festival de Cinema de Jerusalém porque o evento, organizado pela Cinemateca de Israel, “é cúmplice no que se está a passar na Palestina”, disse à agência Lusa.
A propósito do Festival de Cinema de Jerusalém, que começa hoje, o realizador português revelou na rede social Instagram que recusou o convite para apresentar o mais recente filme, “O Riso e a Faca” e apelou a um boicote a Israel.
Na mensagem, Pedro Pinho justificou a decisão “por considerar que qualquer participação em eventos, programações, atividades que prolongam e promovem uma suposta normalidade da vida perante o genocídio em curso na Palestina se trataria da mais pura cumplicidade”. Acrescenta ainda que “O Festival de Jerusalém é financiado pelo mesmo aparelho de Estado racista – pelo mesmo orçamento – que dedica uma parte substancial dos seus recursos a matar indiscriminadamente seres humanos, com o objetivo de colonizar um pedaço de Terra e exterminar um povo.”
À agência Lusa, Pedro Pinho explicou que, após declinar o convite, recebeu uma carta do diretor do festival, mas que não foi suficiente para o demover da decisão.
Pedro Pinho é um dos nomes mais relevantes do cinema contemporâneo português. Cofundador da produtora Terratreme, destacou-se com “A Fábrica de Nada”, que venceu o Prémio FIPRESCI na Quinzena dos Realizadores do Festival de Cannes, em 2017. Este ano, estreou a sua segunda longa-metragem de ficção, “O Riso e a Faca” na secção Un Certain Regard do Festival de Cannes. O filme valeu à protagonista, Cléo Diára, o prémio de melhor interpretação.
O Festival de Cinema de Jerusalém, fundado em 1984, decorre de 17 a 26 de julho na Cinemateca da cidade. Terá início com uma sessão de gala do vencedor do Grande Prémio de Cannes, “Sentimental Value”, de Joachim Trier. A atriz Gal Gadot e o produtor Lawrence Bender receberão prémios de carreira.
Na seleção oficial vão estar outros títulos que competiram em Cannes, como “O Agente Secreto”, do brasileiro Kléber Mendonça Filho, “Two Prosecutors”, do ucraniano Sergei Loznitsa, ou “The Sound of Falling”, da alemã Mascha Schilinski.
