

Morreu Eduardo Serra, o mais internacional dos diretores portugueses de fotografia
Nomeado duas vezes para os Óscares, trabalhou com cineastas fundamentais do panorama português como Fernando Lopes, João Mário Grilo, ou Luís Filipe Rocha e em grande produções europeias e norte-americanas.
O diretor de fotografia Eduardo Serra morreu aos 81 anos, anunciou a Academia Portuguesa de Cinema. Fonte próxima da família acrescentou que, Eduardo Serra morreu dia 19, terça-feira.
Nascido em Lisboa em 1943, Eduardo Serra era o mais internacional dos diretores portugueses de fotografia, tendo sido nomeado duas vezes para os Óscares, pelos filmes “As Asas do Amor”, de Iain Softley, e “Rapariga com Brinco de Pérola”, de Peter Webber, que lhe garantiu o prémio BAFTA da Academia Britânica de Cinema.
Estudou engenharia, envolveu-se na cultura dos cineclubes e na luta contra a ditadura. O ambiente político e a perseguição de que foi alvo levaram-no a França, onde se fixou em 1963. Formou-se na Escola Nacional de Fotografia e Cinematografia e fez o curso de História de Arte e Arqueologia na Sorbonne.
Já no cinema iniciou-se como assistente de câmara em produções com Alain Cavalier, Patrice Leconte, François Leterrier, com voltaria a trabalhar como diretor de fotografia.
A estreia de Eduardo Serra como diretor de fotografia em Portugal ocorreu com “Sem Sombra de Pecado” (1982) e “A Mulher do Próximo” (1988), filmes realizados por José Fonseca e Costa. Nas raras vezes em que trabalhou no cinema português cruzou-se ainda com João Mário Grilo em “O Processo do Rei” (1989), Luís Filipe Rocha, em “Amor e Dedinhos de Pé” (1991), e Fernando Lopes, em “O Delfim” (2001).
Trabalhou sobretudo com os franceses Claude Chabrol e Patrice Leconte, com os quais fez mais de uma dezena de filmes. Entre os filmes que marcaram o seu percurso contam-se “Harry Potter e os Talismãs da Morte”, Partes 1 e 2, “Diamantes de Sangue”, de Edward Zwick, “Belle du Seigneur”, de Glenio Bonder, e “A Primise”, de Patrice Leconte.
Eduardo Serra recebeu os graus de comendador e de grande oficial da Ordem do Infante D. Henrique, em 2004 e 2017, respetivamente, e o Prémio Sophia de Carreira, em 2014, da Academia Portuguesa de Cinema.
Este ano, a Cinemateca Portuguesa dedicou-lhe uma retrospetiva onde foram mostrados “três filmes raros” em que “deixou de lado a direção de fotografia para se sentar na cadeira de realizador”: “Un Anniversaire” (1975), “Rink-Hockey – Le Hockey sur Roulettes” (1982) e “Cinéma portugais – Un Mode d`Emploi” (1990).
“Figura de referência maior no cinema mundial”, Eduardo Serra “levou consigo a visão de um artista português que soube dialogar com cineastas de várias geografias, do cinema de autor europeu às grandes produções internacionais”, conclui a mensagem da Academia Portuguesa de Cinema.