Mila Kunis, a


joao lopes
6 Fev 2015 2:45

O que começa por distinguir "Ascensão de Júpiter" dos mais vulgares produtos (ditos) de "efeitos especiais" que têm surgido nos últimos anos é um valor muito antigo e mais que estimável. Ou seja: as personagens têm direito a existir como entidades com uma vida própria — mesmo, como é o caso, quando essa vida pressupõe toda uma série de vectores mais ou menos fantásticos ou fantasiosos. Aliás, a palavra fantasia, tão fora de moda, adequa-se muito bem ao que aqui acontece.

Veja-se Mila Kunis, no papel de Júpiter, essa habitante da Terra ameaçada pelas forças mais obscuras da Casa de Abrasax, algures noutro planeta. Ou Eddie Redmayne, compondo o malévolo Balem (num registo naturalmente muito diferente da sua interpretação de Stephen Hawking em "A Teoria de Tudo"). Ou ainda Channing Tatum, assumindo os traços e o corpo de Caine, um guerreiro criado através de manipulação genética.
Todos eles são filmados de forma cuidada, muitas vezes em magníficos grandes planos, adquirindo uma energia que contrasta de forma eficaz com a grandeza física das sequências mais movimentadas. Estamos, afinal, perante uma musicalidade dramática que, com evidente alegria criativa, sabe tirar partido de uma impressionante abundância e sofisticação de recursos tecnológicos.

Andy e Lana Wachowski, criadores da trilogia "Matrix" (1999/2003/2003), confirmam, assim, o seu gosto pela exploração de modelos de espectáculo que sabem desenvolver para lá das soluções mais rotineiras. Acima de tudo, "Ascensão de Júpiter" é um objecto que mostra ser possível trabalhar na linha da frente da indústria sem reduzir o espectador a um olhar passivo face a um medíocre jogo de video — isto é cinema, porventura moderno na sua execução, mas deliciosamente primitivo no seu espírito e na sua estética.

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