Curta “Cão sozinho” vence Cinanima e vai à pré-seleção dos Óscares
"Memory Hotel", do alemão Heinrich Sabl, venceu a competição de longas-metragens do festival que decorreu em Espinho.
A realizadora portuguesa Marta Reis Andrade venceu o Grande Prémio Cinanima, com a história real da curta-metragem “Cão sozinho”, o que lhe confere direito a disputar a pré-seleção de filmes animados candidatos aos Óscares norte-americanos. A coprodução luso-francesa salientou-se entre as 30 curtas-metragens da sua categoria por apresentar num “estilo visual muito distinto e original”. Conta em 13 minutos a história verídica de um cão deixado ao abandono na sua própria casa quando o avô da realizadora ficou viúvo e ela regressava de uma temporada em Londres.
O Festival Internacional de Cinema de Animação de Espinho, que teve este ano a 49.ª edição, premiou igualmente o alemão Heinrich Sabl, por “Memory Hotel”, produção franco-alemã vencedora da competição de longas-metragens. Considerado pelo júri do festival “um filme tão relevante hoje como no final da Segunda Guerra Mundial”, aborda com recurso à técnica ‘stop motion’, o “trauma persistente” de uma jovem perante os efeitos da ocupação alemã e soviética.
Já o Prémio António Gaio, que distingue a melhor curta nacional, coube a “Wildflower”, de Carina Pierro Corso, realizadora brasileira radicada em Portugal.
“Porque hoje é sábado”, da realizadora portuguesa Alice Eça Guimarães, venceu o Prémio do Público e a distinção para Melhor Argumento, pela “escolha corajosa” de enredo.
“Bus”, filme franco-belga da polaca Sylwia Szkiladz, obteve, por sua vez, o Prémio Especial do Júri, que nele apreciou “a viagem pelo imaginário” de uma menina de 8 anos ao deixar a Polónia rumo à Bélgica, num “retrato sensível (…) sobre a realidade migratória”.
Ainda na secção de curtas-metragens, a francesa Natalia León destacou-se com “As if the Earth had swallowed them up” na nova competição “All Aboard”, criada para “dar espaço à originalidade e exibir narrativas que, pela sua técnica ou temática, não se enquadram na competição normal, mas merecem destaque pelo seu arrojo”.
O prémio para melhor filme produzido numa escola de cinema foi para “Between the Gaps”, do francês Martin Bonnin, curta-metragem que explora sentimentos antigos recuperados por um telefonema num registo visual e narrativamente simples, e, “porém, magistral”, de acordo com o júri.
As duas outras animações em destaque no certame foram “Entre Pelos”, com que Feno Dias, Theo Quinhones e Lucas Serra ganharam o Prémio Jovem Cineasta Português na categoria para realizadores de 18 a 30 anos, e “O Desafio de Joana”, com que os alunos do 4.º ano de da Escola Básica das Antas, sob a orientação do CLIA ANILUPA – Centro Lúdico de Imagem Animada e Associação de Ludotecas do Porto, receberam o mesmo galardão na rubrica para realizadores menores de 18.
A 49.ª edição do Cinanima começou a 7 de novembro e teve 110 filmes em competição.