Shu Qi no papel central de


joao lopes
17 Mar 2016 17:56

Desde os tempos heróicos de Bruce Lee, a tradição dos filmes de artes marciais contém de tudo um pouco — desde a produção em série, mais ou menos estereotipada (dos estúdios Shaw Brothers, por exemplo), até experiências mais ou menos exuberantes e formalistas como "O Tigre e o Dragão" (2000), de Ang Lee.

Até certo ponto, poderá dizer-se que "A Assassina", de Hou Hsiao-Hsien, se filia nesse imenso território: esta é, afinal, a história de uma jovem, Nie Yinniang (Shu Qi), treinada, precisamente, nas subtilezas das artes marciais, cujas missões consistem em aniquilar os oficiais que podem por em causa o poder da Dinastia Tang — tudo se passa na China do século VIII.
Acontece que Hou Hsiao-Hsien não é um cineasta que se limite a aplicar clichés mais ou menos testados. Marcada pela missão de matar o seu primo, a quem a ligam laços afectivos muito fortes, Nie Yinniang vive uma saga em que as referências históricas se cruzam com um desejo de espectáculo que tem tanto de apoteose visual como de intensidade afectiva.
Historicamente ligado à produção de Taiwan, , autor de títulos emblemáticos como "Tempo para Viver e Tempo para Morrer" (1985) e "Flores de Xangai" (1998), Hou Hsiao-Hsien poderá definir-se como um criador que valoriza a dimensão mágica do cinema, muito para além de qualquer matriz naturalista. Daí o fascinante paradoxo de "A Assassina": um filme em que as personagens parecem ser marionetas do poder e, ao mesmo tempo, uma exercício de estranha e sedutora intimidade.

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