Robert Aguire e Robin Williams — entre o presente e as memórias traumáticas


joao lopes
26 Mar 2016 19:15

Falecido em 2014, contava 63 anos, Robin Williams deixou uma filmografia plena de coisas magníficas, mas também de muitos títulos que não faziam justiça ao seu multifacetado talento. Por vezes, sentimos mesmo que teria sido melhor o actor não participar em certos projectos… O certo é que ainda há filmes seus a estrear — é o caso de "Boulevard", cuja pós-produção foi concluída já depois da sua morte.

Dirigido por Dito Montiel, este é um daqueles filmes que parece nascer no interior de uma matriz claramente limitada e pouco ambiciosa. Dito de outro modo: estamos perante um típico "telefilme psicológico" em que a realização se limita a uma função "instrumental", procurando fazer valer as singularidades das personagens — e não há dúvida que, pelo menos, a figura interpretada por Williams está longe de ser convencional.




Este é o retrato insólito de um vulgar empregado bancário que vive uma existência banal com a mulher (Kathy Baker), até que conhece um rapaz (Robert Aguire) que circula num mundo degradado de prostituição… Entre eles vai nascer uma relação de indecifrável platonismo que, como veremos, obriga o protagonista a enfrentar algumas memórias dramáticas da sua adolescência…

Algo mecânico nas suas soluções narrativas, o filme vive, acima de tudo, das nuances que os actores conseguem insuflar nas situações. E se Williams consegue sustentar as muitas ambivalências da sua personagem, importa destacar também a composição do jovem Aguire, porventura um actor que pode ter outra dimensão, sobretudo se encontrar alguns filmes mais complexos e exigentes.

+ críticas