Toby Kebbell e Jack Huston são os novos intérpretes de Messala e Ben-Hur, respectivamente


joao lopes
4 Set 2016 20:24

Não será preciso recuarmos ao "Ben-Hur" da época muda, datado de 1925. Quem viu a versão de 1959 (ainda um dos filmes mais "oscarizados" de sempre, com 11 estatuetas douradas), lembrar-se-á como o conflito entre Ben-Hur e Messala adquiria especial vibração através das composições de Charlton Heston e Stephen Boyd. Será que os novos intérpretes das mesmas personagens — Jack Huston e Toby Kebbell, respectivamente — conseguem sustentar a comparação?…

Infelizmente, não. E não necessariamente pelo maior ou menor mérito que possamos reconhecer aos novos actores. Acontece que não é fácil dar corpo a personagens que acabam por ser instrumentalizadas no interior de um projecto cuja lógica de remake é tudo menos clara e convicta.
Porque, de facto, uma vez mais, a pergunta é: porquê? E, sobretudo: para quê? Primeiro, o trabalho do argumento é pouco menos que anedótico, de tal modo que a circulação de Ben-Hur entre os romanos e os judeus adquire qualquer coisa de "turístico", sem verdadeiras pontuações dramáticas. Depois, porque a aplicação dos novos recursos digitais se revela, também uma vez mais, equívoca: a célebre corrida das quadrigas da versão de 1959, dirigida por William Wyler, é um prodígio de encenação face ao academismo digital que agora nos apresentam.
Timur Bekmambetov, um realizador russo que tem desenvolvido uma carreira em Hollywood, está longe de ser um banal incompetente: o seu "Wanted/Procurado"(2008), com Angelina Jolie, conseguia integrar um misto de energia e candura que fazia lembrar as singularidades da banda desenhada. Desta vez, porém, a abundância de meios não está sustentada por uma consiste visão de (e para o) espectáculo.

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