Viggo Mortensen no seu papel de 'Capitão Fantástico' — nada a ver com super-heróis...

crítica

Um Oscar para Viggo Mortensen?

Consagrado no Festival de Cannes, "Capitão Fantástico", de Matt Ross, chega agora às salas portuguesas — há quem veja na composição de Viggo Mortensen uma séria candidatura a uma nomeação para o Oscar de melhor actor.

Drama

É verdade. Alguma imprensa americana não faz a coisa por menos. E quando "Capitão Fantástico" passou em Cannes, na secção "Un Certain Regard" — onde acabaria por valer o prémio de realização a Matt Ross —, várias vozes vieram proclamar que estava encontrado, no mínimo, um dos nomeados "obrigatórios" na categoria de melhor actor.

Sejam ou não confirmadas tais profecias, importa dizer que, de facto, Mortensen compõe de forma admirável uma personagem que escapa a qualquer modelo corrente, afirmando-se mesmo como uma figura dramaticamente "selvagem". Ele é Ben Cash, pai de seis filhos, que devido aos problemas de saúde da sua mulher, se vê compelido a repensar toda a dinâmica da sua família…

Na verdade, Ben não está apenas confrontado com as logísticas próprias de tão vasta (e agitada) descendência. Acontece que os filhos cresceram num ambiente mais ou menos "lírico" em que a relação com os elementos naturais (mesmo nas suas vertentes mais cruéis) foi assumida como o princípio e o fim dos seus valores de vida. Quando a situação da mãe evolui de forma trágica, todos vão ser compelidos a enfrentar as regras de um mundo que, de facto, desconhecem.

Matt Ross consegue filmar tudo isso sem menosprezar a imaginação mágica que conduz este Capitão Fantástico (nada a ver com super-heróis…), ao mesmo tempo mantendo a sua narrativa num realismo tocante, por assim dizer, à flor da pele. Estamos perante um filme genuinamente independente que (re)afirma a importância de uma produção americana, original e ousada, obstinadamente distante da lógica cada vez mais simplista dos "blockbusters".