80 anos de “Tempos Modernos”
Um clássico absoluto sobre as maravilhas e fantasmas da Revolução Industrial: "Tempos Modernos" (1936), de Charlie Chaplin, é a grande reposição deste Natal.

Não é uma novidade — longe disso. E, no entanto, não deixa de ser um dos grandes acontecimentos deste Natal cinematográfico: a reposição de "Tempos Modernos" (1936), de Charlie Chaplin, corresponde um reecontro sempre fascinante, porventura a uma especialíssima revelação para alguns espectadores mais jovens.
A história do trabalhador de uma grande unidade industrial, progressivamente alienado pelas rotinas do seu trabalho (o seu corpo corre mesmo o risco de se transformar num autómato…), envolve uma visão crítica do progresso cuja acutilância não se desvaneceu. Em boa verdade, multiplicou-se: trata-se de saber, afinal, se as máquinas enriquecem as relações humanas ou, pelo contrário, anulam os seus valores?
Ao fazer "Tempos Modernos", cinco anos depois de "Luzes da Cidade", Chaplin trabalhava já, necessariamente, com as técnicas do cinema sonoro. O que não significa que tivesse abandonado as componentes do mudo, de tal modo que este é um filme que, em muitos aspectos, aplica matrizes de encenação (em particular na criação de ritmos de montagem) indissociáveis de um tempo em que o som fundamental era a música de acompanhamento…