joao lopes
10 Mar 2017 22:55
Para onde vão os "blockbusters"? Ou melhor: perante as monótonas repetições de muitos filmes de super-heróis mais ou menos digitais, será que o cinema americano ainda tem disposição e ânimo para, pelo menos, defender o seu riquíssimo património de grandes aventuras?
"Kong: A Ilha da Caveira" está longe de ser um exemplo brilhante de "blockbuster". Na sua pequenez artística é, pelo menos, um filme empenhado em (re)encontrar um certo gosto de espectáculo que, embora dependendo da acumulação de efeitos visuais por vezes apenas redundantes, conserva um certo gosto primitivo da aventura — e, em particular, das pequenas produções de "série B".
A (re)descoberta do macaco gigante numa ilha do Pacífico que os mapas não registam possui os limites de uma estrutura que nem sequer sabe valorizar as suas personagens mais decisivas — observe-se o aparecimento/desaparecimento do agente governamental interpretado por John Goodman. Mas consegue, apesar de tudo, alguns momentos de celebração espectacular em que a oposição Kong vs. humanos, ora dramática, ora irónica, se revela de forma contagiante.
Escusado será dizer que estamos longe do fascínio do "King Kong" original, rodado em 1933 por Merian C. Cooper e Ernest B. Shoedsack [cartaz]. Em qualquer caso, esta realização de Jordan Vogt-Roberts consegue reavivar uma tradição que tem sido banalizada por muitos produtos Marvel e afins. É pena que a extraordinária Brie Larson, um ano depois do Oscar de "Quarto", seja utilizada de forma tão escassa e decorativa — mas não se pode ter tudo…