1 Mar 2018 19:39
O filme "Mark Felt – O Homem que Derrubou a Casa Branca" vem inscrever-se numa curiosa genealogia do cinema de Hollywood. Em jogo está a conhecimento da presidência de Richard Nixon, desembocando inevitavelmente no caso Watergate e na investigação jornalística conduzida por Bob Woodward e Carl Bernstein, do jornal "The Washington Post" — foi, aliás, na sequência dessa investigação que Nixon acabaria por terminar o seu mandato, a 9 de Agosto de 1974.
O novo filme define-se, antes do mais, através de um óbvio parentesco com o clássico "Os Homens do Presidente" (1976), de Alan J. Pakula, centrado no trabalho de Woodward e Bernstein (interpretados por Robert Redford e Dustin Hoffman, respectivamente): aí seguíamos a trajectória dos dois jornalistas e, em particular, a sua obtenção de informações através de um alto funcionário do FBI, obviamente anónimo, designado como "Garganta Funda" — ele era, justamente, Mark Felt, alto funcionário do FBI.
Além do mais, "Mark Felt – O Homem que Derrubou a Casa Branca" remete-nos para as convulsões específicas do jornalismo e, concretamente, para os mecanismos de procura e tratamento de uma informação que se quer verdadeira e fundamentada. Nesta perspectiva, estamos também perante um parente próximo do recente "The Post", de Steven Spielberg — neste caso, evoca-se a divulgação dos documentos secretos "Pentagon Papers", também por "The Washington Post", num processo que acontece nas vésperas da eclosão do escândalo Watergate.