joao lopes
8 Mar 2019 23:31

Já não há muito a dizer sobre a rotina cinematográfica dos super-heróis. De facto, já nem sequer estamos perante a procura de qualquer modelo de aventura, espectáculo ou como lhe quisermos chamar… E a regra tem cada vez menos excepções (recordo, por exemplo, a energia contagiante de "Doutor Estranho", em 2016, com Benedict Cumberbatch no papel central). Com direcção assinada pela dupla Anna Boden/Ryan Fleck, "Capitão Marvel" é apenas a confirmação do estado das coisas no universo dos Marvel Studios.

Dir-se-ia que havia a curiosidade de descobrirmos uma "encarnação" feminina, Carol Danvers, de uma personagem mítica: Captain Marvel. Estranhamente, ou não, entre nós nem sequer se adoptou a identificação mais lógica que, aliás, foi seguida no mercado brasileiro — a saber: "Capitã Marvel". Seja como for, o problema de fundo é outro: falta imaginação narrativa, sobram efeitos especiais repetidos e repetitivos.



Digamos que a história (?) que é contada representa a "enésima" variação sobre uma matriz de pobre minimalismo: o Universo está ameaçado e há quem surja, sempre entre muito ruído e agitação luminosa, para salvar o destino das boas almas… Chega a ser patético o modo como o argumento (?) de filmes como "Captain Marvel" parece ser concebido apenas para prever a entrada de algumas cenas obrigatórias de combate e perseguição…

O mais penoso é desobrir no meio de tudo isto gente tão talentosa como Brie Larson, no papel de Marvel, e Annette Bening, interpretando a "Inteligência Suprema". Estamos, afinal, perante um conceito de cinema que, por princípio, menospreza o talento dos seus actores — não é verdade que, desde 2008, o brilhantíssimo Robert Downey Jr. tem passado a maior parte da sua actividade profissional escondido no interior de um fato de ferro?…

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