Taron Egerton: um esforço assinalável para tentar


joao lopes
1 Jun 2019 0:53

O filme "Rocketman", sobre Elton John, começa com a personagem central, usando um fato exuberante (com umas grandes asas…), chegando, não exactamente a um palco, mas a uma sessão de terapia. Em boa verdade, tal sessão vai manter-se como um lugar dramático central, já que será a partir das confissões do protagonista que surgirão os mais variados flashbacks.

O dispositivo é rudimentar, mas convenhamos que envolve uma frontalidade impossível de recusar. Dito de outro modo: com o próprio Elton John envolvido no projecto (o seu nome figura no genérico na condição de produtor executivo), eis um filme que não procura, de modo algum, "aligeirar" o retrato da sua estrela. Em particular, os anos de toxicodependência são tratados de forma directa e contundente, recusando qualquer simplificação grosseira da personagem.

Resta saber se isso basta para… fazer um filme. Isto porque, no seu ziguezague temporal, "Rocketman" é um empreendimento "velho" e francamente pouco imaginativo. Dir-se-ia que encontramos aqui as mesmas limitações de mise en scène de "Bohemian Rhapsody", sem esquecer que Dexter Fletcher assina "Rocketman", tendo sido também quem concluiu a realização do filme sobre Freddie Mercury (depois do afastamento de Bryan Singer).
Estamos, talvez, a caminhar para uma moda (?) de musical centrado num ícone do rock… O certo é que tudo parece reduzir-se a uma agitação visual típica de muitas rotinas televisivas. Taron Egerton entrega-se de corpo e alma às canções de Elton John e o seu esforço de "recriação" da voz não deixa de ser tecnicamente sofisticado. Não basta, em qualquer caso, para superar os esquematismos psicológicos da narrativa e até, em termos de "casting", a sensação de que Egerton é demasiado juvenil para dar conta do arco temporal que o filme tenta integrar.

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