Ana Moreira interpreta a personagem da mãe em


joao lopes
15 Out 2021 18:46

Infelizmente, não há muito a dizer sobre um filme como "Sombra". Ou melhor, o que há para dizer tem pouco a ver com cinema.

Ao inspirar-se no chamado ‘Caso Rui Pedro’ — isto é, no desaparecimento nunca esclarecido de um menino de 11 anos, em Lousada, corria o ano de 1998 —, o filme assume-se como bandeira de uma causa social que, aliás, se explicita no final: o genérico faz um inventário de crianças desaparecidas e contém uma dedicatória para as respectivas famílias.

Dito isto, "Sombra" apresenta-se profundamente limitado pelas respectivas opções narrativas.
Desde logo, porque o tratamento dramático das situações, além de profundamente esquemático, está servido por diálogos também eles esquemáticos e redundantes. Depois, porque tais características limitam drasticamente o trabalho dos actores — independentemente do talento particular que cada um deles possa ter, são todos conduzidos a um “overacting” que se torna redundante e, por fim, soa a falso.

Enfim, a gestão dos tempos narrativos revela-se inoperante, de tal modo predominam os tempos "dilatados", sem qualquer pertinência dramática — como se prolongar arbitrariamente um plano fosse uma automática intensificação dramática, esquecendo o valor essencial, não do tempo, mas da duração.

Enfim, o que faz um filme não são as suas causas, por mais respeitáveis que possam ser — como é o caso. "Sombra" é mesmo um sintoma de uma moda mediática, cinematográfica e televisiva, hoje em dia triunfante. Ou seja: valorizar os temas, banalizando a linguagem.

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