25 Jan 2015 15:17
A descoberta do filme "Ida", de Pawel Pawlikowski, grande vencedor dos Prémios do Cinema Europeu, suscita uma especial observação histórica: a evocação da Segunda Guerra Mundial não é, de modo algum, um facto isolado no trabalho dos cineastas polacos. E há um exemplo eloquente, datado de 2002, que podemos citar: "O Pianista", de Roman Polanski.
Polanski tem, da sua infância, memórias da repressão nazi e do Gueto de Varsóvia. A personagem central do seu filme é, precisamente, um habitante do Gueto, Wladislaw Szpilman, brilhante pianista que vai tentar manter o seu trabalho artístico — e, antes de tudo o mais, garantir a sobrevivência da sua família, num tempo de dramáticas convulsões.
Centrado numa prodigiosa composição de Adrien Brody, na personagem de Szpilman, "O Pianista" resultou de uma produção entre França, Polónia, Alemanha e Reino Unido, num esforço em que a reconstituição da cidade de Varsóvia sob o jugo nazi era mais do que um mero detalhe — era, acima de tudo, uma via fundamental para revisitar e repensar um tempo habitado pelo negrume da tragédia.
Notável pelo seu retrato da resistência e da capacidade de sobrevivência, "O Pianista" conseguiu três importantes distinções da Academia de Hollywood: melhor actor, para Adrien Brody; melhor argumento adaptado, de Ronald Harwood, e melhor realização par Polanski — estando o realizador impossibilitado de estar presente devido aos problemas com a justiça americana, o Oscar de Polanski foi recebido por Harrison Ford.