1 Set 2015 23:58
Morreu uma das personalidades mais conhecidas, e também mais lendárias, do moderno cinema de terror: Wes Craven faleceu em Los Angeles, a 30 de Agosto, vitimado por um tumor no cérebro — completara 76 anos a 2 de Agosto.
A personagem de Freddy Krueger, interpretada por Robert Englund, é a primeira e fundamental referência que vem à memória quando se fala da sua obra. É certo que através de títulos como "The Last House on the Left" (1972) ou "Os Olhos da Montanha" (1977), Craven se afirmara como um especialista dos filmes de terror de pequeno orçamento. Em qualquer caso, seria através de "Pesadelo em Elm Street" (1984), precisamente com a invenção da personagem de Krueger, que ele se imporia como um criador capaz de construir um universo em que o pesadelo coincide, literalmente, com a vida real.
Krueger é a personagem do assassino que procura as suas vítimas dentro dos próprios sonhos — o seu comportamento e a sua estética influenciaram muitas obras do género, consagrando Craven como figura tutelar do terror.
Ghostface, a figura mascarada que assombra personagens jovens, seria outra das suas invenções, neste caso na série "Screams/Gritos", iniciada em 1996. No caso de "Elm Street", Craven não dirigiu todos os filmes da saga, mas os quatro títulos de "Gritos" (as continuações são de 1997, 2000 e 2011) são todos assinados por ele.
Alguns dos seus filmes serviram também de plataforma para actores cuja carreira evoluiria de modo mais ou menos espectacular. Assim, por exemplo, Johnny Depp estreou-se no primeiro "Elm Street", enquanto Neve Campbell era quase uma desconhecida quando surgiu no capítulo inaugural de "Screams".
Embora seja uma excepção, Craven também se exprimiu num registo mais típico do melodrama clássico, em "Melodia do Coração" (2000), retrato de uma professora de música numa escola problemática do Harlem — o papel da professora valeu a Meryl Streep uma das suas nomeações para o Oscar de melhor actriz.
Várias vezes consagrado pelos seus pares, Craven foi distinguido com um prémio de carreira, em 1995, pelo Academia de Filmes de Ficção Científica, Fantasia e Terror, dos EUA. Em 1994, "O Novo Pesadelo de Freddy Krueger" valeu-lhe o prémio de argumento no Fantasporto.