12 Nov 2018 22:05
Stan Lee, que "revolucionou a banda desenhada ao introduzir fragilidades humanas nos super-heróis", foi declarado morto no Centro Médico Cedars-Sinai, em Los Angeles, escreve a Associated Press (AP), citando o advogado Kirk Schenck, representante da filha do escritor e desenhador da Marvel.
Como redator principal da Marvel Comics e, mais tarde, seu editor, Stan Lee renovou a banda desenhada norte-americana na década de 1960, com a sofisticação dos enredos e dos diálogos, apelando à sátira e à ficção científica, escreve a agência norte-americana.
Nascido em Nova Iorque, em dezembro de 1922, numa família de imigrantes romenos, Stan Lee – Stanley Martin Lieber – começou a trabalhar na Timely Comics, pouco antes de este grupo de publicações de ‘pulp fiction’ lançar o primeiro número da Marvel, em outubro de 1939.
‘Westerns’, policiais, romances negros, géneros que se afirmaram nos anos de 1929/30, no cinema e na literatura popular norte-americana, constituíram a inspiração de Lee.
Entre as suas primeiras personagens estavam Blonde Phantom, Jack Frost, The Witness, Destroyer. Na altura, trabalhava por cerca de 50 cêntimos por página e adotou Stan Lee, por assinatura, recorda a Associated Press.
O sucesso inicial fez com que depressa passasse a diretor criativo, assumindo o controlo criativo da empresa que, mais tarde, viria a adotar a designação de Marvel, um dos seus primeiros títulos.
Durante a II Guerra Mundial, trabalhou na comunicação do Exército.
Já na década de 1950, foi ao Senado defender a banda desenhada, perante a recém-criada Comics Code Authority, que desaprovava a violência e as personagens que questionavam a autoridade.
"Lee é considerado o arquiteto da história contemporânea de banda desenhada", lê-se no perfil distribuído pela agência norte-americana de notícias.
"Milhões de pessoas aderiram à improvável mistura de fantasia realista (de Lee) e muitas das suas personagens, incluindo o Homem-Aranha, Hulk e X-Men, tornaram-se estrelas e ‘campeãs de bilheteira’" no cinema e na televisão, como as produções mais recentes "Agentes S.H.I.E.L.D" e os "Guardiães da Galáxia".
Numa entrevista de 2006 à AP, o criador afirmou que "toda a gente adora coisas maiores do que a vida".
"Eu penso nelas como contos de fadas para adultos (…). Criei tantos (heróis) que nem os conheço. Escrevi centenas, milhares de histórias", disse na entrevista, que recorda a "contribuição decisiva" de Lee, com todos os super-heróis que criou.
"Era como se houvesse algo no ar. Não podia fazer nada de errado", lembrou Stan Lee à agência norte-americana.
Algumas das suas criações tornaram-se símbolos da mudança social – o conflito interno do Homem Aranha não era alheio aos confrontos em curso nos Estados Unidos, nos anos de 1960 -, defende a AP, enquanto as minorias e o movimento feminista encontravam eco em personagens como A Pantera Negra e The Savage She-Hulk.
Publicou os livros "The Superhero Women" e "How to Draw Comics the Marvel Way".
Em 1972, depois de um longo percurso como redator principal, tornou-se editor e diretor editorial da Marvel, que acabaria por presidir.
Nos anos de 1970, Hulk chegou à CBS, seguindo-se o Homem Aranha, quer com figuras de "carne e osso", como em séries de animação. Era apenas a primeira etapa do sucesso dos seus heróis, no cinema e na televisão.
"X-Men" foi o sucesso de Hollywood em 2000, arrecadando mais 130 milhões de dólares (cerca de 114 milhões de euros, a preços correntes), só nos cinemas norte-americanos.
"Homem-Aranha", que Lee via como "o Mickey Mouse do grupo", chegou aos 400 milhões (352 milhões de euros), em 2002, no mercado norte-americano.
"O que fiz, foi tentar escrever histórias que gostaria de ler e, de um modo ou outro, funcionou", disse Stan Lee em 2017, durante uma homenagem de que foi alvo, em Los Angeles.