26 Nov 2018 10:53
Realizador e produtor, dramaturgo, poeta, Bernardo Bertolucci morreu em Roma, aos 77 anos, após doença prolongada, noticia segunda-feira o jornal italiano Repubblica. Deixa uma vasta obra de onde se destacam títulos como "1900", "O Último Tango em Paris", "O Pequeno Buda", "Um Chá no Deserto", ou "O Último Imperador", que ganhou nove Oscares em 1988.
Nascido em Parma, a 16 de março de 1941, filho do poeta Attilio Bertolucci, abandona os estudos na Faculdade de Literatura Moderna em Roma para se dedicar ao cinema. É assistente de realização de Pier Paolo Pasolini em "Accattone" (1961) e une-se a dois outros nomes grandes do cinema italiano, Dario Argento e Sergio Leone, para escrever o argumento da obra-prima deste último, o western "Era uma Vez no Oeste" (1968).
Em 1962, assinou a primeira longa-metragem como realizador, "La Commare Secca", desenvolvido por Pasolini, inicialmente previsto para assumir o lugar atrás das câmeras.
O sucesso e o reconhecimento crítico chegam em 1970, com "O Conformista", a partir do romance de Alberto Moravia, olhar sobre o comportamento humano diante do fascismo, um tema a que regressaria em "1900". O filme recebe a nomeação para o Oscar de melhor argumento adaptado.
Dois anos mais tarde, é a vez do marcante mergulho no erotismo em "O Último Tango em Paris", com Marlon Brando e Maria Schneider, crónica dos encontros entre uma jovem mulher e um homem mais velho. Apesar das polémicas e das acusações de obscenidade, Bertolucci é nomeado para o Oscar de melhor realizador e Brando na categoria de melhor ator.
A toda a agitação, Bertolucci responde com um projeto de gigantesco fôlego, mais de cinco horas de filme, um elenco que junta Burt Lancaster, Robert de Niro, Gérard Depardieu, Dominique Sanda e Donald Sutherland e a história de uma família italiana através da primeira metade do século XX.
Regressa a produções mais modestas para tocar em problemas como a droga, o incesto ("Lua", de 1979), ou o choque entre gerações ("A Tragédia de um Homem Ridículo", 1981).
Para 1987 estava reservado o que se tornaria na sua obra mais conhecida, a história de Pu Yi, último imperador chinês antes da tomada do poder pelos comunistas. Enorme sucesso mundial de bilheteira, "O Último Imperador" ganhou nove Oscars, incluindo melhor, filme, melhor argumento e melhor realização.
Em 1990, filma Debra Winger e John Malkovich como um casal perdido numa viagem a África em "Um Chá no Deserto" e acompanha a escolha de um novo líder espiritual em "O Pequeno Buda" (1993).
Durante a década de 90 filmaria também a viagem de auto-conhecimento de uma jovem em "Beleza Roubada", ainda "L’assedio" e regressa à agitação dos anos 60 com "Os Sonhadores".
Em 2012, chegaria a sua última obra, "Eu e Tu", onde retoma temas como a adolescência e a sexualidade.
Por fim, em 2013, ainda assinaria um dos segmentos do documentário encomendado pelo Festival de Veneza para assinalar a 70ª edição.