5 Jul 2020 17:49
Personalidade emblemática do Cinema Novo português, com importante actividade em televisão, Alfredo Tropa faleceu no dia 4 de Julho — contava 81 anos.
Nascido no Porto, a 29 de Março de 1939, o arranque da sua carreira é indissociável do "boom" de curtas-metragens que marcou a produção portuguesa em finais da década de 50 e durante os anos 60. Ao mesmo tempo, afirmou-se como um dos primeiros realizadores da RTP, desenvolvendo vasta actividade no campo documental.
Desse trabalho no seio da televisão pública, a realização da série "Povo que Canta", rodada no começo da década de 70 (emitida entre 1971 e 1974), ficou como modelo exemplar de investigação e divulgação do património musical — a sua concepção e apresentação pertenceram ao etnólogo e musicólogo francês Michel Giacometti (1929-1990).
No cinema, estreou-se na longa-metragem com "Pedro Só" (1971), adaptação de um romance de Manuel Mendes cuja encenação de conflitos rurais ecoava o seu gosto documental — eis algumas declarações de Alfredo Tropa a Ana Zanatti, na estreia de "Pedro Só".
Foi um dos fundadores do Centro Português de Cinema, cooperativa criada em 1969, com o apoio da Fundação Gulbenkian, que viria a desempenhar um papel decisivo no reforço da actividade cinematográfica, até 1978, ano do seu encerramento — "Pedro Só" foi uma das suas primeiras produções, a par de "O Passado e o Presente" (1972), de Manoel de Oliveira.
Regressou à realização cinematográfica com "Bárbara" (1980), embora o essencial da sua actividade continuasse a ser na RTP, tendo sido director do sector de Arquivos e Documentação. No ano 2000, o Presidente Jorge Sampaio distinguiu-o com o grau de Comendador da Ordem do Infante D. Henrique.
Nos Prémios Sophia, atribuídos pela Academia Portuguesa de Cinema, Alfredo Tropa iria ser homenageado pela sua carreira — a respectiva cerimónia está agendada para 17 de Setembro.