9 Fev 2021 2:26
Figura tutelar da escrita de argumento, a sua filmografia é uma espantosa colecção de colaborações com cineastas das mais diversas origens e sensibilidades: o francês Jean-Claude Carrière faleceu no dia 8 de janeiro, em Paris — contava 89 anos.
Podemos formular uma pergunta de algibeira, citando, por exemplo, estes dez títulos:
* BELLE DE JOUR (1967), de Luis Buñuel
* OS AMORES DE UMA ADOLESCENTE (1971), de Milos Forman
* O TAMBOR (1979), de Volker Schlöndorff
* SALVE-SE QUEM PUDER (1980), de Jean-Luc Godard
* MAX, MEU AMOR (1986), de Nagisa Oshima
* A INSUSTENTÁVEL LEVEZA DO SER (1988), de Philip Kaufman
* CYRANO DE BERGERAC (1990), de Jean-Paul Rappeneau
* BIRTH – O MISTÉRIO (2004), de Jonathan Glazer
* À SOMBRA DAS MULHERES (2015), de Philippe Garrel
* À PORTA DA ETERNIDADE (2018), de Julian Schnabel
Que há de comum entre eles? Pois bem, todos eles são filmes com argumentos (ou colaborações em argumentos) com assinatura de Carrière, exemplificando a pluralidade do seu labor, o seu ziguezague entre géneros — da comédia à mais bizarra fantasia, passando pelo drama e melodrama — e, enfim, a sua mestria narrativa.
A colaboração com Buñuel será a mais famosa, sendo também uma das mais regulares desde "Diário de uma Criado de Quarto" (1964) até à trilogia final: "O Charme Discreto da Burguesia" (1972), "O Fantasma da Liberdade" (1974) e "Este Obscuro Objecto do Desejo" (1977).
Foi também autor de inúmeros livros, do romance à poesia, passando pelo ensaio filosófico (p. ex.: "Fragilité", Odile Jacob, 2006).
Ganhou dois Óscares da Academia de Hollywood:
— HEUREUX ANNIVERSAIRE (1962), melhor curta-metragem de acção real, prémio partilhado com Pierre Étaix.
— prémio honorário, em 2015, atribuído pelo Board of Governors da Academia .