2 Fev 2022 16:24
Monica Vitti, uma das estrelas mais amadas e versáteis do cinema italiano, morreu terça-feira, aos 90 anos. A morte foi anunciada por Walter Veltroni, cineasta e antigo presidente da camara de Roma, que recebeu a notícia do marido de Vitti, Roberto Russo. Os meios de comunicação social em Itália afirmam que Vitti teria morrido de complicações da doença de Alzheimer, da qual sofria há mais de uma década.
O Primeiro-Ministro Mario Draghi chamou-lhe "uma mulher de grande ironia e talento extraordinário que conquistou gerações de italianos com o seu espírito, o seu talento e a sua beleza".
"Uma grande actriz foi-se", disse Sophia Loren, 87 anos. "A sua morte é uma grande perda não só para o cinema, mas para todos nós".
O antigo presidente do Festival de Cannes Gilles Jacob prestou-lhe homenagem no Twitter: "Bardot teve Vadim para a lançar. Monica tinha Antonioni. Depois abandonou-se ao luxo da comédia de estilo italiano com Scola, Monicelli e os outros. Tornou-se uma estrela mundial ao permanecer ela própria, sorridente e simples", resumiu.
Vitti alcançou fama internacional em 1960, quando foi protagonista de "A Aventura", realizado por Michelangelo Antonioni. Filmado a preto e branco e com pouco diálogo, longos silêncios e muitos grandes planos da loira Vitti, conta a história de amor, ciúmes, tédio e traição entre um grupo de amigos ricos numa viagem de barco pelas ilhas gregas. Primeira parte da trilogia de Antonioni sobre o tema da "modernidade e os seus descontentamentos", "A Aventura" ganhou o prémio do júri no festival de Cannes em 1960 e valeu a Vitti o Globo de Ouro de Actriz Revelação, no ano seguinte.
Após a sua relação com Antonioni, que se estendeu a "O Eclipse" e "O Deserto Vermelho", tornou-se uma das protagonistas da comédia ao estilo italiano, onde contracenou com homólogos masculinos do calibre de Alberto Sordi, Ugo Tognazzi, Vittorio Gassman, Marcello Mastroianni, ou Nino Manfredi, bem como fora do país, com Michael Caine, Alain Delon e Dirk Bogarde. Brilha também no filme de Mario Monicelli "A Rapariga da Pistola" (1968), onde interpreta Assunta, uma mulher siciliana que persegue o homem que a "desonrou".
Com Sordi como realizador e actor principal, estrelou em "Pó de Estrelas", comédia sobre um casal que encena espectáculos para entreter os soldados norte-americanos durante a Segunda Guerra Mundial. Vitti venceu o prémio David di Donatello de melhor actriz graças a esse filme, em 1974.
Em 1980 trabalha com Antonioni por uma última vez, em "O Mistério de Oberwald".
Nascida Maria Luisa Ceciarelli, em Roma, em 1931, viveu a Segunda Guerra Mundial na adolescência, formou-se na Academia Nacional de Artes Dramáticas e começou a desempenhar pequenos papéis antes de conhecer Antonioni e de se juntar à sua companhia do teatro Teatro Nuovo em Milão.
Na década de 1970, fez uma série de comédias românticas de sucesso com realizadores como Ettore Scola.
Casou com o realizador e cineasta Roberto Russo em 1995, após 20 anos juntos. Fez numerosas aparições na televisão antes de adoecer e passou os últimos anos da sua vida em casa, em privado, cuidada pelo marido.