17 Jun 2022 22:04
Figura principal do cinema e teatro francês, famoso pelo seu papel em "Um Homem e uma Mulher", Jean-Louis Trintignant morreu sexta-feira com 91 anos.
O actor de "E Deus.. criou a mulher" e "Amour", que se dizia estar gravemente doente, "morreu pacificamente de velhice esta manhã na sua casa na região de Gard (sul de França), rodeado pelos seus entes queridos", disse a esposa e a família numa declaração à AFP.
O funeral será realizado em privado.
A vida do actor, com a sua voz envolvente, foi marcada por várias tragédias, incluindo a morte da filha Marie, também actriz, morta em 2003 pelos companheiro, o cantor Bertrand Cantat. Um acontecimento dramático do qual nunca recuperou.
"Dentro de mim, tudo está destruído", confidenciou após o sucedido, que o levou a permanecer afastado do palco durante dez anos.
O Presidente francês Emmanuel Macron saudou a memória de um "formidável talento artístico" que "acompanhou um pouco as nossas vidas através do cinema francês". "É uma página que está a virar", acrescentou o chefe de Estado, referindo-se à "voz suave do actor.
Fez história cinematográfica com "Um Homem e Uma Mulher" de Claude Lelouch, no qual interpretou um piloto de corridas apaixonado por Anouk Aimée na praia de Deauville.
Jean-Louis Trintignant ganhou ainda o prémio de melhor actor no Festival de Cannes por "Z" de Costa Gavras em 1969 e um César de melhor actor por "Amor" de Michael Haneke, filme que também ganhou a Palma de Ouro em 2012.
A sua última aparição no grande ecrã foi em 2019 com "Les plus belles années d’une vie", onde se reuniu com Anouk Aimée e realizador Claude Lelouch.
Também teve uma breve aparição em frente da câmara, na cerimónia dos César de 2021, onde apareceu muito diminuído.
"Depois de Belmondo, outro irmão partiu e eu estou chocado", disse Alain Delon, de 86 anos, que com ele protagonizou "Flic Story" de Jacques Deray (1975).
"Era uma pessoa rara, desconcertante e de boa índole. Um grande actor. Trabalhou toda a vida com o seu gravador na mão a dizer poemas e no final da sua vida, bem, nos últimos quatro anos, surpreendia toda a gente ao dizer poemas maravilhosos de uma forma maravilhosa. E fez grandes filmes…", reagiu na BFMTV a ex-mulher Nadine Trintignant, mãe dos seus filhos.
Nascido a 11 de dezembro de 1930 em Piolenc, no sul de França, este filho de um industrial frequentou as aulas de representação de Charles Dullin em Paris, antes de fazer a estreia em palco em 1951.
Foi o filme de Roger Vadim "E Deus.. criou a mulher" (1956) que fez dele um sucesso retumbante. Ele e Brigitte Bardot, parceira de representação.
Em seguida, entrou numa série de filmes de sucesso ao lado de todos os principais realizadores do cinema: Costa-Gavras, Claude Lelouch, Éric Rohmer, Michael Haneke, Claude Chabrol e Patrice Chéreau. No total, apareceu em perto de 120 filmes.