17 Jul 2024
A melhor curta-metragem da edição deste ano do importante festival de cinema de animação de Annecy, em França, chama-se “Percebes” e é um dos filmes em destaque no Curtas de Vila do Conde.
Alexandra Ramírez e Laura Gonçalves voltam a juntar-se e, como aconteceu com “Água Mole”, levam o cinema de animação mais longe na intenção de ser uma forma de ilustrar uma base documental. Neste caso, sobre o Algarve, a pretexto de um petisco muito especial.
“O filme também se propõe a mostrar o outro lado do postal turístico porque, muitas vezes, quando vemos uma representação do Algarve, é uma representação que está a tentar vender aquele sítio como um destino de férias”, afirma Alexandra Ramírez que pensa ser igualmente importante “perceber aquelas cidades, a costa algarvia, como um sítio para viver o ano inteiro.”
Laura Gonçalves, a outra metade da dupla de cineastas de “Percebes”, explica a relação entre as técnicas usadas e os locais e ambientes retratados:
“É um filme feito em animação 2D, frame-a-frame, pintado à mão, em aguarela e papel e também digital. Para nós era muito importante captar os ambientes dourados das praias e o azul do oceano do barlavento algarvio. Daí a escolha na técnica do material aquoso e o uso também do sal na pintura dos ambientes. As personagens também são desenhadas com base nas pessoas reais que entrevistamos, assim como os espaços.”
As praias do Algarve, o mar, a vida de uma região e das gentes que a habitam, num filme que volta a colocar o cinema de animação português no patamar de excelência.
Outro foco de atenção, “Mau Por um Momento”, de Daniel Soares, que venceu uma menção honrosa na categoria de curtas-metragens do Festival de Cannes. O cineasta, que nasceu na Alemanha e viveu em várias cidades, propõe uma reflexão sobre a vida urbana do nosso tempo.
O filme retrata o momento em que um arquiteto em Lisboa se confronta com os efeitos do seu trabalho, ou seja, a gentrificação nos centros urbanos:
“Lembro-me de ter trabalhado em Nova Iorque e estar a alugar um apartamento num bairro, ou seja, de repente eu estava a ser o gentrificador daquele bairro, num bairro porto-riquenho em Brooklyn. Ou seja, o que me interessa também através deste filme é os dois lados da gentrificação. Não é só apontar dedos, é entender um bocadinho este fenómeno e as emoções humanas por trás desse fenómeno.”
O “Jardim em Movimento”, de Inês Lima, chega a Vila do Conde após ter passado pela Quinzena dos Cineastas de Cannes. O filme é uma visita guiada pela Serra da Arrábida, lugar que tem acompanhado a vida da cineasta, uma fábula que coloca em evidência o avanço da presença humana na paisagem natural:
“A Serra da Arrábida acabou por ser para mim um pouco um sítio de ritos de passagem, porque sendo um lugar que eu frequentava muito, quer como criança, depois como adolescente – eu e a minha família fazíamos praia lá, ainda fazemos.”
Duas jovens guiam-nos na observação das plantas e da vegetação e da paisagem virada para o mar, que nesta espécie de fábula se transforma em personagem de cinema.
“A minha preocupação, sobretudo ao tentar fazer uma fábula, é dar àquele sítio uma magia mais superficial ou plástica do que realmente tem, para o vermos mais como uma personagem, porque para mim a Serra acaba por ser a personagem principal e não estas guias, e pensar que aquela personagem está viva e está a olhar para nós e está-nos a ver a fazer este passeio”, diz a realizadora.
Na Semana da Crítica, ainda no Festival de Cannes, Isadora Neves Marques apresentou “As Minhas Sensações São Tudo O Que Tenho Para Oferecer”, quatro personagens num tempo em que o mundo parece totalmente conectado num fim de semana imaginado.
A realizadora volta à ficção científica para mostrar o encontro de duas jovens que se conhecem telepaticamente, através de comprimidos que permitem aceder às sensações e pensamentos de outros:
“Poderia ter ido pela via fantástica e assumir que as regras daquela realidade são simplesmente aquelas. Quase foi, mas também não quis puxar a corda demasiado. É uma curta-metragem, é preciso ter noção do tempo que temos para o espectador entrar naquele universo.”
O filme vai das sensações aos elementos mais palpáveis, pondo em evidência as diferenças de classe e de gerações entre as personagens. Uma história que parte de uma dimensão mais pessoal:
“Os meus filmes não são propriamente autobiográficos, mas bebem muito da minha vida, das minhas experiências, das pessoas à minha volta, muitas vezes na escrita dos personagens, nos dilemas. E neste filme, sim, também quis um pouco beber não só da minha própria história, mas também desse cosmopolitanismo, digamos assim, e o que é que isso significa.”
Uma ideia de Madalena Brandão, executada por Margarida Villanova e povoada por várias mulheres, “Penélope” é um filme de colaboração e em partilha.
“Juntou-se este grupo de mulheres, habitualmente discutimos, conversamos e partilhamos as nossas alegrias, as nossas dores. Acreditamos que há assim um lugar, um porto seguro, no feminino, que há um porto seguro nas nossas amizades, com a capacidade que nós temos de nos tornarmos melhores, mais fortes, mais unidas”, diz Margarida Villanova.
Um grupo de amigas em viagem numa auto-caravana é o ponto de partida para refletir sobre a vida, os problemas, as frustrações e as alegrias no feminino.
“O meu desafio foi trazer um olhar feminino ao filme, que não fosse filmado do ponto de vista masculino, mas sim do ponto de vista feminino. Como é que era esse olhar feminino? Como é que eu abordo estas mulheres, filmo estas mulheres, revelo as suas histórias?”
“Penélope” é o segundo filme da atriz Margarida Villanova enquanto realizadora, um desafio que acentua um olhar pessoal e traz uma marca feminina muito evidente.
É o que acontece também no filme “O Jardineiro do Convento/A Jardineira do Convento”, de Patrícia Neves Gomes, uma abordagem cómica e provocadora sobre a paridade entre géneros que se inspirou no clássico Decameron, de Giovanni Boccaccio, para imaginar como seria se a história do jardineiro entre freiras fosse protagonizada por uma mulher entre homens.
Na primeira ficção fora da escola de cinema, a realizadora parte à descoberta de uma possibilidade de reflexão para futuros projetos:
“Percebi que aqui o que me interessava mesmo era, mais do que estabelecer uma conclusão minha, lançar a questão, a mesma questão que me chegou, lançá-la também a outras pessoas. E já tive várias respostas diferentes, quando apresentei a ideia, ainda como ideia. Quando vês a mesmíssima história, mas invertes o género das personagens – uma perspetiva muito binária- que sensações é que tu própria, como espectadora, tens? E, mediante o próprio espectador, tudo isso muda. É isso que me interessava explorar. Esta questão e esta minha vontade de encontrar esta paridade, este novo mundo e este equilíbrio, permanece e é transversal à minha vida e às minhas crenças.”
As mulheres estão também em destaque no filme “Sete Dias Com o Mar à Minha Esquerda”, de Francisca Manuel, rodado no contexto insular do arquipélago dos Açores, que já abordou em outros trabalhos e instalações artísticas. A realizadora parte da história do lugar e das romarias para uma ficção sobre o papel das mulheres na sociedade e na religião:
“A história dos Açores, basicamente, é feita de sismos, destruições, vulcões em erupção, nascimentos de umas ilhas, desaparecimentos de outras. Na verdade, a história dos Açores é uma autêntica catástrofe e apocalíptica. Não têm muito mais história do que isso, infelizmente.”
Num tempo indefinido, numa paisagem densa e apocalíptica, Francisca Manuel dirige um elenco que mistura mulheres locais, sem qualquer experiência cinematográfica, com as atrizes Crista Alfaiate e Rita Cabaço:
“Uma das histórias aconteceu no século XVI, em Vila Franca do Campo. Uma parte de Vila Franca do Campo, na ilha de São Miguel, desapareceu, e o povo começou a fazer caminhadas em cada freguesia, em volta da ilha, mas para rezarem. Foi uma curiosidade, entender que grupo era aquele de romeiros, aqueles homens todos. Comecei a pesquisar a história e a entender o lugar das mulheres nas romarias. Imaginávamos como poderiam ser estas mulheres, e como poderiam ser estas mulheres agora. O filme também é intemporal nesse sentido. Não está referente a nenhum século. Aquelas mulheres também não sabes bem se são de agora.”
Dos Açores para o continente, Frederico Mesquita volta às memórias de infância revisitadas com humor em “Francisco Perdido”.
Um miúdo num dia de verão, num tempo em que os telemóveis Nokia estavam na moda, e Cristiano Ronaldo ainda era simplesmente um jovem à procura de um futuro brilhante no mundo do futebol:
“Sou uma pessoa com pouca imaginação e não consigo inventar histórias. Tenho que copiar da minha infância, ou simplesmente é uma forma de resolver certos traumas, ou certos dramas que vivi na infância, agora aos olhos de uma pessoa adulta com uma série de ferramentas que na altura não tinha”, confessa o realizador.
Os primos andam à solta na vida de Francisco porque o Nokia é um objeto apetecível e as miúdas parecem mais interessadas no seu melhor amigo. Os dramas da infância, revividos, vinte anos mais tarde, transformam-se numa comédia:
“Quando comecei a preparar o filme, pensei: ‘não sei se vou fazer outro filme, portanto, pelo menos vou divertir-me’. De facto, peguei no guião que já tinha alguma graça e tornei aquilo ainda mais espalhafatoso.”
Um outro olhar sobre histórias de infância é proposto em “That’s How I Love You”. O título em inglês é herança de um argumento proposto por um croata ao português Mário Macedo. A história de um miúdo que passa férias com os avós no campo é o ponto de partida e serviu de pretexto para uma reflexão sobre a violência que marca determinados modos de vida:
“Havia sempre esta coisa muito latente da violência, ou seja, para um miúdo da cidade, para ele uma galinha é uma coisa que está no supermercado e para mim sempre foi uma coisa viva que a minha avó depenava e matava e aquele cheiro de depenar galinhas ainda é uma coisa que me assombra.”
Mário Macedo, realizador com raízes na vila de Joane, em Vila Nova de Famalicão, passou pela Croácia e está agora radicado em Berlim. Tem vários filmes que refletem sobre os lugares por onde passa e em “That’s How I Love You”, regressa aos lugares e às fantasias que marcam a infância:
“Apesar de serem sítios geograficamente dispares e culturalmente diferentes, há ali uma linha de pensamento, uma linha de cultura que está muito enraizada no que são estas ideias cristãs, do que é ser bom ou mau, etc.”
“Deus-E-Meio” é a primeira curta-metragem de Margarida Assis, traz um título tirado ao acaso das páginas de um livro e propõe o reencontro de duas pessoas, a própria realizadora e o médico que marcou a sua infância:
“Assim que entrei no hospital, nem foi preciso ir à hematologia, encontrei-o quase ali no hall. Estávamos os dois de máscara. Eu disse, ‘Doutor Brito’, baixei a máscara e ele reconheceu-me imediatamente. Demos um abraço. ‘Vim aqui para lhe fazer um convite. Queria fazer um filme e gostava que entrasse’. E ele, ‘está bem, é sobre o quê?’ E eu disse, ‘é sobre nós’”.
Margarida Assis e o médico Manuel Brito deambulam pelo antigo hospital pediátrico de Coimbra, agora em ruínas, e medem o tempo que passou na vida dos dois:
“Não o fiz a pensar em melancolia, necessariamente. Fi-lo a pensar numa reflexão sobre a passagem do tempo. E sobre a passagem do tempo nas pessoas e nas relações humanas. Sempre pensei muito no Doutor Brito e, de repente, ‘espera aí, pensei, como é que ele ainda se lembra de mim?’”
O universo clínico das crianças, em especial as que sofrem de perturbação de hiperatividade e défice de atenção, é o foco do filme de animação “Três Vírgula Catorze”. É o segundo projeto, em conjunto, de Patrícia Rodrigues e Joana Nogueira e mantém a premissa de abordar temáticas de condição social.
“Nesta curta estamos a explorar a condição de diferentes crianças com hiperatividade e com défice de atenção e quisemos perceber melhor as suas sensações, explorar esses sentimentos no filme”, refere Joana Nogueira que vê “Três Virgula Catorze” como uma viagem “a um lugar ficcionado da infância” num filme que “fala sobre descoberta, frustração, sobre controlo, confrontos, de uma forma muito leve e metafórica.”
A outra realizadora, Patricia Rodrigues, descreve o processo criativo: “Nós começámos por fazer trabalho de campo, onde elaborámos oficinas de artes com crianças, onde quisemos pesquisar melhor sobre o tema, tirar inspiração e desenvolver assim conceptualmente e graficamente o filme. As oficinas foram muito importantes para criar as personalidades das personagens, pois as três crianças que surgem na curta são inspiradas em casos reais com quem trabalhámos, entrevistámos.”
Há ainda mais uma animação que retrata a rotina de uma filha que cuida da mãe. “Amanhã Não Dão Chuva”, de Maria Trigo Teixeira, uma abordagem através do cinema de animação às fragilidades do envelhecimento, que marca a estreia da realizadora fora do âmbito escolar. Um filme que parte de uma história em concreto para explorar uma visão mais universal:
“As pessoas perguntam se é inspirado em algo real e, de certa forma, é, mas não é, porque eu não sou nenhuma das personagens. Mas quase acaba por ser um exercício. Ao mesmo tempo, a mim também me interessava a questão da relação entre as personagens.”
A técnica usada também reflete e faz a ligação com a passagem do tempo, um dos temas presentes no filme:
“Usámos uma técnica de animação que foi carvão sobre papel, mas usávamos, para cada shot, uma só folha de papel. Ou seja, íamos fazendo um desenho, ia apagando, fazendo o próximo, apagando, e sempre fotografando os desenhos. Por isso, se vê no filme um efeito que é assim um rasto.”
“Rinha” é a palavra usada no Brasil para designar lutas de galos, atividade a que se dedica a personagem central do filme de Rita Pestana. O título serve de metáfora para abordar a luta diária da personagem Cássia, que se dedica a cuidar da vida do pai:
“Achei que a representação simbólica desta luta interna que a personagem vive se poderia traduzir num espaço geográfico que é esta arena onde, de facto, a luta acontece. De repente, tens uma mulher no meio deste universo que se vai cruzando com ela, a tentar lidar com isso tudo e a tentar saber quem é. No fundo, é esta questão para a qual não tenho resposta e não sei… também não é para ter. Quando te vês numa situação em que tens de cuidar de alguém que te é muito querido, neste caso um pai, ao mesmo tempo estás a anular-te. Então o que fazes? Deixas aquela pessoa e vais viver a tua vida, ou ficas com aquela pessoa e vais-te perdendo de ti própria?”
Rita Pestana tem dividido as atenções entre o Brasil e Portugal. “Rinha” foi filmado no Brasil e marca a sua estreia na realização, depois de um extenso currículo como montadora.
Do Brasil para São Tomé e Príncipe, cenário em pano de fundo no filme “53”, de Sofia Borges.
A realizadora tem vários projetos artísticos que resultam do contacto com as comunidades das antigas colónias portuguesas. E decidiu perguntar o que foi, afinal, o colonialismo?
Assim, chegou a 1953 e ao massacre em São Tomé e Príncipe:
“Chego a São Tomé com esta pergunta e vou para a rua falar com as pessoas das roças, na rua e vou tentar perceber o que é que tinha sido, como é que as pessoas percepcionavam o colonialismo. É aí que surge o tema do massacre de 1953 porque, de certa forma, é essa cerimónia e é esse acontecimento de 1953 que reúne a população.”
Os mundos dos vivos e dos mortos cruzam-se e confundem-se nos diálogos construídos a partir de testemunhos de vítimas, ou familiares de vítimas, do campo de Fernão Dias e do massacre que aconteceu em 1953:
“A 3 de fevereiro ouvem-se gritos em Fernão Dias, ainda se ouvem gritos que vêm do mar em Fernão Dias. Por exemplo, quando as pessoas vão na floresta ainda existe este medo, digamos assim, de pisar um corpo morto que esteja enterrado no chão porque isso, de certa forma, pode ser prejudicial para a própria vida da pessoa que o pisa. Portanto, são tudo elementos que vêm desse mundo que nós chamamos um mundo fantasmagórico, mas que são perceções vividas.”
Sofia Borges recolheu os testemunhos de quem sobreviveu ou ainda convive com as memórias do passado e do massacre de Fernão Dias em São Tomé e Príncipe, num filme que está entre o documentário e a ficção e que aborda os fantasmas do colonialismo português.
Em “Grito”, a partir do universo de fantasmas do escritor Rui Nunes, o realizador Luís Costa vai buscar inspiração no thriller para filmar uma história em que o presente e o passado estão em diálogo constante e onde aborda os traumas e a forma como nos afetam, ou condicionam:
“O sentimento que o livro carrega, muitas vezes mais do que a narrativa e das personagens e daquilo que a desune, é mesmo esta sensação de que a história como um todo, ou pelo menos o universo do livro, tem alguma coisa, tem uma ideia por trás, ou carrega um universo que não conseguimos controlar. O que é que resta? O que nós carregamos entre nós e como algum acontecimento. ou alguma relação familiar consegue carregar-nos até aos dias dois e alterar até aos dias dois a nossa perceção das coisas, ou eventualmente até definir a nossa própria vida e condenar-nos a alguma coisa que não sabemos o que é.”
Uma família reunida para as férias de verão é o ponto de partida para o olhar do realizador David Pinheiro Vicente sobre o que resta de uma certa aristocracia em Portugal na década de 70. “Os Caçadores” é o segundo filme realizado fora da escola de cinema e novamente com o ator Miguel Amorim que interpreta a personagem de um jovem que se intromete nas férias da família:
“É um filme que se passa nos anos 70, sobre uma família que está de férias para caçar numa casa de campo e o Miguel é um rapaz que entra pela janela para estar com uma das raparigas deste grupo de irmãos e primos. Acabam por ser interrompidos pela mãe dela, levando-o a esconder-se. O filme acompanha a personagem escondida nesta casa, sem conseguir sair e através dele vamos conhecendo um pouco esta família e esta casa.”
“Os Caçadores” reúne um extenso elenco. David Pinheiro Vicente comanda um conjunto de atores que se espalham pelas muitas divisões da casa de férias. Dirigir atores e não atores foi, de resto, o maior desafio para o jovem realizador:
“Tem cerca de 15 atores, a maior parte são jovens atores de 16 a 20 anos. Para muitos deles foi o primeiro filme. Isto foi um processo também muito interessante, um processo de casting muito longo, de mais ou menos de um ano.”
De volta a Vila do Conde onde já esteve várias vezes, Pedro Caldas é o autor de “Sara, Manuel e João”, um filme sobre o regresso de um homem a um lugar do passado. João é a personagem que marca a estreia em cinema do DJ e radialista Rui Vargas:
“Tinha de ser um estranho por um lado e, portanto, tinha de carregar consigo alguma estranheza na figura e por outro lado tinha de carregar alguma inquietação porque é ele que vai tentar quebrar o equilíbrio que as outras pessoas tentaram encontrar na ausência dele.”
Um homem regressa ao lugar onde cresceu e reencontra o passado. Pedro Caldas filma três personagens em três tempos de vida com o Alentejo em pano de fundo:
“Eu gosto imenso do Alentejo e tenho vindo a conhecer nos últimos dez anos e comecei a pensar num filme que se passasse, não no Alentejo postal, mas no Alentejo que eu conheço e, portanto, comecei a procurar locais antes de escrever o que fosse. Começou-me a surgir uma ideia de um regresso é um regresso de alguém que tinha sido feliz na infância, vivendo no Alentejo.”
“Sara, Manuel e João”, um filme sobre voltar a um tempo e a um lugar no regresso do realizador Pedro Caldas ao Festival de Curtas de Vila do Conde que todos os anos permite o encontro de jovens em início de carreira, autores que já passaram para o formato longo, mas regressam às curtas, e realizadores que estão sempre de volta aos filmes de pequena duração.
A 32.ª edição do Festival de Curtas Metragens de Vila do Conde decorre entre 12 e 21 de julho.