O CineEco – Festival Internacional de Cinema Ambiental da Serra da Estrela, celebra a 30.ª edição de 10 a 18 de outubro, na cidade de Seia.

Este ano, o festival apresenta 64 obras cinematográficas de 27 países. A seleção oficial de longas, médias e curtas-metragens internacionais e em língua portuguesa, oferece novas perspetivas e narrativas sobre os desafios enfrentados pelo planeta, habitats e espécies.

A seleção internacional, composta por 36 filmes em competição retrata problemas em geografias como o Alasca, Nova Zelândia, México, Estados Unidos e vários países europeus.

Filmes como “Snow Leopard”, obra póstuma de Pema Tseden, considerado o fundador do cinema tibetano. Estreia em Portugal, explora a relação simbiótica entre humanos e animais, através da interação entre um jovem monge tibetano e um leopardo num vilarejo montanhoso. Integrou a seleção oficial da secção Orizzonti do Festival de Veneza 2023, foi vencedor do prémio de melhor filme no Festival de Tóquio 2023 e de melhor argumento e fotografia no Asian Film Awards 2024.

Outro destaque é “Fauna”, de Pau Faus (Espanha), seleção oficial do festival Visions du Réel 2023 e premiada nos festivais de Toulouse e Guadalajara 2023. Oferece uma observação de dois mundos opostos numa floresta nos arredores de Barcelona, onde um velho pastor e o seu rebanho vivem ao lado de um laboratório de alta tecnologia para experimentação animal.

Na competição também sobressai “Among the Wolves”, de Tanguy Dumortier e Olivier Larrey (França), sobre uma alcateia de lobos selvagens observada por um pintor e um fotógrafo na terra de ninguém entre a Finlândia e a Rússia.

Melhor documentário do Festival de Sarajevo 2023, “Bottlemen”, de Nemanja Vojinović (Sérvia) leva-nos até Vinča, nos arredores de Belgrado, transformada num dos maiores aterros sanitários da Europa e onde a comunidade surpreendente recolhe garrafas de plástico.

“Gerlach”, de Aliona van der Horst e Luuk Bouwman (Países Baixos), premiado como melhor documentário holandês no International Documentary Film Festival Amsterdam (IDFA) 2023, apresenta Gerlach van Beinum, um dos últimos agricultores tradicionais nos arredores de Amesterdão, cercado pela modernidade.

Outros protagonistas do festival são “La Garde Blanche”, de Julien Elie (Canadá), que retrata a vigia a uma paisagem fragmentada por vedações de arame farpado no México, “I am the river, the river is me”, de Petr Lom (Países Baixos, Noruega, Nova Zelândia), onde o líder tribal Māori, Ned Tapa embarca numa viagem de canoa por Whanganui, o primeiro rio a ser reconhecido como pessoa coletiva; e, noutra latitude, “One With the Whale”, de Peter Chelkowski e Jim Wickens (EUA e Reino Unido), onde um adolescente numa pequena ilha do Alasca se torna o mais jovem da aldeia a arpoar uma baleia.

A seleção inclui ainda “Common Ground”, de Joshua Tickell e Rebecca Harrell Tickell (EUA), premiado no Festival de Tribeca 2023, a história dos pioneiros da agricultura regenerativa.

Na seleção de longas-metragens em língua portuguesa, destaca-se a estreia de Margarida Gramaxo com “Lindo”, que aborda o equilíbrio entre o homem e a natureza na ilha do Príncipe, em São Tomé e Príncipe; “O Melhor dos Mundos”, a longa de ficção mais recente de Rita Nunes, uma narrativa sobre a probabilidade de, à semelhança de 1755, um grande terramoto atingir Lisboa.

O CineEco – Festival Internacional de Cinema Ambiental da Serra da Estrela é o único festival de cinema em Portugal dedicado à temática ambiental. O formato do certame assenta num conjunto de atividades desenvolvidas ao longo de oito dias, com entrada gratuita. Além da secção competitiva e vários ciclos de cinema, inclui também atividades paralelas, como conferências, concertos, workshops, ou exposições.

Memória do cinema português

O CineEco mantém igualmente uma relação de memória com o cinema português. Do programa da 30.ª edição fazem parte dois filmes recentemente digitalizados pela Cinemateca Portuguesa, “Trás-os-Montes” e “Cerromaior”.

“Trás-os-Montes”, que vai ser exibido dia 13 de outubro, às 16h00, é uma docuficção com elementos etnográficos, realizada e escrita, em 1976, por António Reis e Margarida Cordeiro, com atores não profissionais, de Bragança e Miranda do Douro, que interpretam personagens típicas da Terra Fria.

“Cerromaior”, em exibição a dia 17 de outubro, às 16h00, com a presença do realizador Luís Filipe Rocha, parte do romance homónimo de Manuel da Fonseca, publicado em 1943. Rodado durante o verão de 1979, na vila de Portel, no Alentejo, contou com a participação ativa da população da vila e dos camponeses da região, dramatizando a realidade da sociedade alentejana de finais dos anos trinta.

• CINEMAX - RTP

• 03 Set 2024 09:44