Emile Hirsch e Paul Rudd em


joao lopes
28 Abr 2014 4:08

Numa altura em que quase todos os grandes estúdios criaram as suas próprias unidades de filmes "alternativos", será que ainda se pode dizer que ainda existe, nos EUA, uma produção independente? Claro que podemos sempre responder considerando que a noção de independência está mais no espírito do que nos meios de produção… O certo é que não haverá muitos filmes como "Prince Avalanche", de David Gordon Green.

Estamos, de facto, perante um objecto não alinhado que dispensa inserir-se em qualquer génro ou tendência corrente. Em boa verdade, quando começa, descrevendo-nos o dia a dia rotineiro de dois homens (Paul Rudd e Emile Hirsch) que trabalham na marcação de estradas florestais, dir-se-ia que estamos perante um registo banalmente "documental", sem outro objectivo que não seja construir um testemunho sobre uma existência sem surpresas…
O certo é que, a pouco e pouco, "Prince Avalanche" se vai transfigurando — primeiro, num conto moral sobre os contrastes entre os cenários naturais e a cidade; depois, numa aventura interior em que os próprios códigos de percepção da realidade circundante parecem poder ser abalados por um assombramento sem nome.
Situando a acção na segunda metade da década de 1980, na sequência de uma série de grandes fogos, David Gordon Green — que descobriramos através de "George Washington" (2000) — ensaia, assim, um retorno a uma América profunda bem distante de qualquer conceito, próximo ou clássico, de heroísmo: "Prince Avalanche" funciona como uma fábula fantasiosa, mas alicerçada na precisão dos mais desconcertantes elementos realistas.

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