Jeff Bridges e Brenton Thwaites em


joao lopes
13 Set 2014 2:29

Infelizmente, não há muito a dizer sobre "O Dador de Memórias" (título original: "The Giver"), fábula de ficção científica baseada num romance de Lois Lowry publicado em 1993 — foi distinguido com a Newbery Medal do ano seguinte, para a "melhor contribuição de literatura para crianças". 

Escusado será dizer que o ponto de partida é interessantíssimo. Trata-se de encenar um futuro de grande rigor tecnológico e, sobretudo, de austera organização social, em que foram suprimidos todos os factores que possam perturbar emocionalmente os seres humanos — desde o amor até às cores, já que tudo é a preto e branco… Até que um jovem (Brenton Thwaites), escolhido para assumir as funções de conservador de memórias, é posto em contacto com o respectivo "dador" oficial (Jeff Bridges), começando a vislumbrar a possibilidade de um mundo com emoções e… a cores!
O que mais desconcerta é a incapacidade do realizador Phillip Noyce, profissional de assinalável competência (lembremos apenas o enérgico "Salt", com Angelina Jolie, lançado em 2010), superar um tom "ilustrativo" que, em boa verdade, nem sequer consegue encontrar um centro dramático (o jovem?; o "dador"?; outra personagem?…), a partir do qual o filme se organize.
Fica-se mesmo com a sensação de que a presença de veteranos como Jeff Bridges ou Meryl Streep, ou ainda de Taylor Swift num pequeno papel, se deve apenas à preocupação de "abrilhantar" o elenco, sem pensar devidamente a dramaturgia… E até a esperada "passagem" do preto e branco à cor não surpreende, nem sequer no plano mais rudimentar da manipulação tecnológica. Uma oportunidade perdida, enfim, deixando uma amarga sensação de desperdício.

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