22 Mai 2023 11:32

Jean-Luc Godard, que morreu em setembro e nunca foi coroado na Croisette, recebeu uma “festa” póstuma no domingo, no Festival de Cannes, com um documentário sobre o cineasta suíço e a projeção do seu último projecto.

“A sala está cheia. Significa que a segunda vida, ou a milésima vida, de Jean-Luc Godard começa agora, com os filmes que restam”, disse o delegado geral do festival, Thierry Frémaux, perante uma plateia que incluía os cineastas Jim Jarmush, Wang Bing (em competição este ano com o seu documentário “Youth”) e a actriz Salma Hayek.

Em “Godard by Godard”, Florence Platarets revisita – sem voz-off – a vida do cineasta agitador da Nova Vaga, que morreu aos 91 anos de idade com recurso ao suicídio assistido, legal na Suíça.

Através de imagens inéditas, vemo-lo realizar a sua primeira longa-metragem, a decididamente inovadora “O Acossado” (À Bout de Souffle).

Também o vermos, numa sequência muito aplaudida pelos espectadores presentes, a regressar à Croisette em Maio de 1968. Em plena época de agitação social em França, Godard liderou o grupo de cineastas que acabou por interromper prematuramente o festival.

Outro momento memorável para o realizador em Cannes, onde ganhou o Prémio do Júri em 2014 e uma Palma de Ouro especial em 2018, aconteceu em 1985, quando veio apresentar a sua longa-metragem “Détective” e recebeu uma tarte de creme na cara.

A este retrato seguiu-se uma curta-metragem que apresenta a última obra de Jean-Luc Godard sob o título “Film annonce du film qui n’existera jamais: +Drôles de guerres”.

O filme é uma adaptação do romance do escritor belga Charles Plisnier, vencedor do Prémio Goncourt em 1937, “Faux Passeports”, e consiste numa colagem de imagens e palavras, intercaladas com pequenos clips de vídeo.

Esta colecção de contos segue diferentes personagens entre a Revolução de outubro de 1917 na Rússia e a década de 1930.

  • AFP
  • 22 Mai 2023 11:32

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