25 Jan 2023 15:49
A Agência da Curta-Metragem está a preparar "o melhor modelo e a melhor opção" para exibir o filme "Ice Merchants", de João Gonzalez, candidato aos Óscares, ainda antes da cerimónia, contou à Lusa o diretor, Miguel Dias.
"Tudo isto é muito recente e estamos a tentar o mais rapidamente possível (decidir) qual é a melhor proposta para o filme, mas vai ter. Neste momento não tem, de facto, distribuição. Nós não avançámos por nenhum tipo de distribuição cá, porque estávamos à espera deste momento" das nomeações, disse, sublinhando que "é preciso criar outro tipo e modo de exibição".
Pela primeira vez, há um filme de produção portuguesa nos nomeados para os prémios de cinema Óscares, com "Ice Merchants", realizado por João Gonzalez, candidato ao prémio de Melhor Curta-metragem de Animação.
As nomeações para os Óscares, prémios norte-americanos de cinema, foram anunciadas na terça-feira e a cerimónia está marcada para 12 de março.
A Agência da Curta-Metragem, uma estrutura criada em 1999 para divulgar curtas-metragens portuguesas, já assegura a distribuição internacional e as vendas de "Ice Merchants" para outros países, explicou Miguel Dias.
O filme de João Gonzalez teve estreia mundial em maio de 2022 na Semana da Crítica, no Festival de Cinema de Cannes, onde recebeu um prémio do júri, abrindo portas para uma centena de outros festivais de cinema em todo o mundo.
Miguel Dias recordou que "Ice Merchants" já foi exibido em Portugal, em contexto de festival, e explicou que aguardava uma possível nomeação para os Óscares para alinhar uma estratégia de exibição noutros circuitos, incluindo salas de cinema e canais de televisão.
"Se o filme passar nos cinemas ou é antes de uma longa-metragem ou incluído numa compilação de curtas; esperamos saber, no máximo, numa semana. Convinha colocar o filme à disposição das pessoas agora e gostávamos que acontecesse antes da cerimónia", adiantou.
Além de "Ice Merchants", havia outras duas curtas-metragens portuguesas com possibilidade de serem nomeadas para os Óscares, mas ficaram pelo caminho: "O homem do lixo", de Laura Gonçalves, e "O lobo solitário", de Filipe Melo.
No conjunto, as três curtas ainda tiveram, nos últimos dias, sessões de exibição em Lisboa, Porto e Coimbra, mas Miguel Dias lembra que habitualmente "não existe distribuição de curtas por si só".
"É preciso ver qual o melhor modelo e a melhor opção", agora no caso do "Ice Merchants".
Na terça-feira, em reação à inédita nomeação de uma curta de animação portuguesa para os Óscares, o programador e divulgador Fernando Galrito dizia, à agência Lusa, que há uma lacuna na exibição regular de curtas-metragens nas salas de cinema.
"Nas salas de cinema ainda não nos habituámos a fazer distribuição de curtas-metragens. Um conjunto de quatro ou cinco de curtas-metragens pode ser tão interessante para o público como uma longa-metragem", disse.
De acordo com os dados mais recentes do Instituto do Cinema e do Audiovisual, em 2022 foi concluída a produção de 42 curtas-metragens portuguesas com apoio financeiro deste organismo, e 49 longas-metragens.
A maioria das curtas-metragens portuguesas é exibida em contexto de festival de cinema ou em sessões pontuais em cineclubes, cineteatros ou, por exemplo, no âmbito do Plano Nacional de Cinema.