30 Jun 2023

Alan Arkin, o versátil e prolífico ator americano que se destacou tanto em papéis cómicos como dramáticos e que ganhou um Óscar ao interpretar um avô consumidor de heroína no filme de 2006 “Uma Família à Beira de um Ataque de Nervos”, morreu aos 89 anos, informou o Variety na sexta-feira, citando uma declaração da família.

Arkin morreu na sua casa em Carlsbad, Califórnia, na quinta-feira.

“O nosso pai era uma força da natureza com um talento único, como artista e como homem. Um marido, pai, avô e bisavô amoroso, era adorado e fará grande falta”, escreveram os filhos de Arkin, Adam, Matthew e Anthony, numa declaração conjunta enviada à People.

Arkin participou em dezenas de filmes, foi nomeado para um Óscar quatro vezes e ganhou um Tony Award, a maior distinção da Broadway, em 1963, pelo seu primeiro grande papel no palco em “Enter Laughing” de Carl Reiner.

O seu primeiro grande papel no cinema valeu-lhe uma nomeação para um Óscar – melhor ator por interpretar um marinheiro soviético na comédia de 1966 sobre a Guerra Fria “Vêm aí os Russos, Vêm aí os Russos!”

Arkin foi inicialmente recusado para o papel de “Uma Família à Beira de um Ataque de Nervos”, que acabou por lhe valer o Óscar de melhor ator secundário, porque os realizadores acharam que ele tinha um aspeto demasiado saudável. A personagem era um avô de 80 anos, desbocado, frágil e instável devido a anos de consumo de drogas e mau comportamento.

“Foi a melhor rejeição que já recebi na minha vida – acharam que eu era demasiado viril”, disse Arkin, flectindo os bíceps e assumindo uma pose de homem musculado durante uma entrevista de 2007 ao The New York Times.

Arkin interpretou um assassino psicopata no filme de 1967 “Os Olhos da Noite”, contracenando com Audrey Hepburn. Mais tarde, disse que detestava as cenas em que a personagem aterrorizava Hepburn, dizendo: “Não gostava de ser cruel com ela. Deixava-me muito desconfortável”.

Em 1968, interpretou um surdo-mudo na adaptação do romance de Carson McCullers “Um Coração Solitário”, obtendo a sua segunda nomeação para o Óscar de melhor ator.

Em 1970, protagonizou a versão cinematográfica do romance de Joseph Heller, “Artigo 22”, com um forte desempenho num filme que foi considerado uma desilusão.

Arkin também recebeu elogios pelo desempenho no thriller de 2012 “Argo”, que conta a história verídica de uma missão da CIA para libertar seis americanos do Irão, disfarçando-os de membros da tripulação de um filme fictício sobre extraterrestres. O filme do realizador Ben Affleck ganhou o Óscar de Melhor Filme.

Continuou muito ativo no cinema e na televisão até aos 80 anos. Recebeu elogios e nomeações para os Emmy pela série televisiva ” O Método Kominsky”, também protagonizada por Michael Douglas, que estreou em 2018.

Alguns dos outros filmes de Arkin incluem “O Regresso de Sherlock Holmes”, em 1976, “Por Favor Não Matem o Dentista”, em 1979, “Eduardo Mãos de Tesoura”, em 1990, “Sucesso a Qualquer Preço”, em 1992, “O Último Contrato”, em 1997, ou “Olho Vivo”, em 2008.

Alan Wolf Arkin nasceu a 26 de março de 1934 no bairro nova-iorquino de Brooklyn, mas a sua família mudou-se para Los Angeles quando ele tinha 11 anos. O pai, que era pintor e escritor, perdeu o emprego de professor após ter sido acusado de ser comunista durante a “Caça às Bruxas” da década de 1950.

Arkin foi um membro original da influente trupe de comédia de improvisação Second City de Chicago e cantou num grupo folk que teve uma versão de sucesso do single dos anos 50 “The Banana Boat Song”, popularizado por Harry Belafonte. Também trabalhou como realizador de cinema e encenador, actuou na televisão e escreveu vários livros.

  • CINEMAX - RTP c/ REUTERS
  • 30 Jun 2023 16:45

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